terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mensagem do além

Saudade é palavra perturbadora. Acordei, hoje, com uma mensagem sobre saudade, daquelas que não tem volta, daqueles que jamais partiram porque dentro, mas que não podemos ver, beijar, tocar.

Não se trata de acreditar, é coisa de sentir. Receber mensagem do além, é coisa normal? Mais uma vez não se trata de acreditar, é sentir, né? Sentir um olho brilhando porque algo nos conectou, embora o elo nunca tenha partido. Ele lá longe, sei lá se perto, eu aqui, acordando e dormindo e vendo esse mundaréu rodar.

Saudade foi palavra que me trouxe aqui de volta. Que orgulho sinto desse cantinho! Como gosto de passear pelos cantos daqui e me surpreender com as coisas que coloquei e depois esqueci.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Lançamento audiolivro Judite quer chorar, mas não consegue!

por Nei Lima

Poucos espetáculos conseguem ter uma vida tão longa e muitos desdobramentos, "Judite quer chorar, mas não consegue!", do coreógrafo e dançarino Edu O., é um deles. Judite tem vida de lagarta que nasce e se esconde, primeiro nas folhas e depois nos casulos, para logo depois surgir borboleta pronta para muitos voos.

No início de outubro realizaremos o lançamento oficial do audiolivro homônimo do espetáculo, com narração da atriz Malu Mader e trilha de Cássio Nobre. O livro conta ainda com ilustrações de Clarice Cajueiro.

Dia 05 de outubro, o evento acontecerá no Museu Carlos Costa Pinto (Corredor da Vitória - Salvador), a partir das 15h, com a participação do projeto "Cirandando o Brasil" de Nairzinha. 

Dia 08 de outubro, será em Santo Amaro, em dois horários: 
das 10h às 13h, na Praça da Purificação, com a participação do projeto "Quarto Azul", do Núcleo Vagapara. Comemorando a semana das crianças com as escolas da cidade. 

A partir das 17h, nos encontraremos no Restaurante 82 Grill (Makiba).

Estão todos convidados! A entrada é gratuita.



segunda-feira, 3 de junho de 2013

Se joga NA Plataforma




Estamos em formulação! 
Estamos em formação de parcerias.
Tornar a plataforma acessolivre possível dá trabalho! 
Considerar todas as possibilidades de comunicação dá trabalho! 
Isso não quer dizer que estamos fazendo um trabalho de inclusão ... significa que QUEREMOS! considerar as formas de comunicação. 


sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Amor, que não ousa dizer seu nome

"O Amor, que não ousa dizer seu nome,"

Bateu-lhe à porta, ao acaso, um dia.

E ele, inebriado pela cotovia

(que paira à janela, mas depois some...),

...


Sentiu crescer, súbito, na alma, u'a fome

De algo que, até então, desconhecia.

Desejo... estranheza... culpa... agonia...!

Desce aos umbrais, na angústia que o consome!

...


... Porém, depois das lágrimas enxutas,

Chamou a cotovia, deu-lhe frutas,

E sorveram, um no outro, a própria essência.

...


E ambos, nessa atração de semelhantes,

Num cingir de músculos, os amantes

Ergueram-se aos portais da transcendência.


Oscar Wilde, 1876

(Tradução de Oliver Cvalcanti)

domingo, 28 de abril de 2013

Lisa Bufano em Salvador




Lisa Bufano é uma performer americana que apresentará, hoje, o trabalho

A wake

Uma mulher acorda em um lugar no futuro, desprovido de materiais e recursos, e precisa lutar para construir-se e buscar um sentido. A performance solo sobre quatro pernas de mesas aborda a dependência do corpo em relação à tecnologia e problematiza a questão do acesso à tecnologia médica.
Teatro Molière (Aliança Francesa)
28 de abril, às 19h
R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia) – Sessão conjunta comNoeuds
Classificação: Livre

Festival Vivadança


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Os guris ou esses moços?

Penso com tristeza que vivemos um tempo de retrocessos. Quando começamos a dobrar o caminho de volta? Parece que de repente, de uma hora para outra caímos num abismo e estamos novamente atrás. Não foram suficientes os esforços dos militantes, dos movimentos, dos estudiosos... não são suficientes os avanços tecnológicos, médicos, da comunicação......

Senti com tristeza a notícia de que uma diretora de escola infantil, aqui de Salvador, retirou seus guris da apresentação de Judite, no Cine Teatro Solar Boa Vista, na última semana, porque, entre outras barbaridades, o espetáculo era de um deficiente e os meninos não entenderiam nada. Fico preocupado com a educação desses guris que são impedidos de viverem uma experiência diferente do que estão acostumados no seu mundinho Disneylândia, protegidos pelos muros altos da escola, sem contato com gente  pobre, preta, sem poder sentar em arquibancada do teatro, sem poder assistir ao um trabalho diferente dos musicais de contos de fadas que, talvez, assistam. Eu estou sendo preconceituoso também, né? Mas o que esta senhora falava, me faz acreditar que é num mundo assim que ela deseja manter seus alunos. Pobres moços, esses guris se tornarão. A vida é grande, é maior que suas escolas.... Ahhhhh este mundo quando passarem dos portões!!! Senti profunda tristeza não porque queira que gostem de Judite, não. Ninguém é obrigado a gostar, até mesmo porque existem outros espetáculos melhores, maiores, sei lá... mas há uma coisa que Judite provoca e que só quem assiste pode entender, é o deslocar-se da cadeira, é ver que um corpo com deficiência é mais eficiente do que se imagina, é compreender a Dança de uma maneira diferente do que se imagina e se é acostumado com as Danças de Faustão. Ao menos isso, aquela diretora deveria compreender. Não porque seja um projeto meu, mas porque é necessário ensinar mais do que gramática e adição, é urgente ensinar e aprender respeito, diferença, novidades, não repetir padrões caducos, cafonas...

Gostaria de cantar para ela acordar.

sábado, 23 de março de 2013

A vida em cena

As modalidades de resistência vital proliferam de maneiras mais inusitadas. Uma delas consiste em pôr, literalmente, a vida em cena. NÃO A VIDA NUA E BRUTA, NÃO A VIDA REDUZIDA PELO PODER AO ESTADO DE SOBREVIDA EM MEIO AO LIINISMO TERMINAL QUE PRESENCIAMOS A CADA DIA. NÃO A VIDA BESTA, A VIDA BOVINA, OS “CYBER-ZUMBI”, OS “HOMO-OTÁRIOS” COM QUE CRUZAMOS A CADA ESQUINA E QUE NÓS MESMOS SOMOS DIARIAMENTE; mas a vida em estado de variação, modos menores de viver que habitam nossos modos maiores e que no palco ou fora dele, ganham às vezes visibilidades cênicas ou performáticas, mesmo quando se está à beira da morte ou do colapso, da gagueira ou do grunhido, do delírio coletivo, da experiência limite.

No âmbito restrito, ao qual me refiro aqui, o teatro pode ser um dispositivo, entre outros, para a experimentação hesitante e sempre incerta, inconclusa e sem promessa de reversão do poder sobre a vida em potência da vida, do biopoder em biopotência, redesenhando inteiramente a geografia de nossa perversão, expropriação, clausura, silenciamento.

Peter Pal Pelbart  - Filósofo, ator, Cia Teatral UEINZZ!  - SP 

Trecho do texto publicado no livro Loucos pela diversidade: da diversidade da loucura à identidade da cultura. Relatório final da oficina nacional de indicação de politicas públicas culturais para pessoas em sofrimento mental e em situação de risco social. RJ/2007.


Texto na integra (p. 29 - 37)
http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2009/06/loucos_diversidade_final.pdf

segunda-feira, 11 de março de 2013

Apoiando a arte

foto Andre Mantelli

VOCÊ TAMBÉM PODE SER UM APOIADOR COLABORADOR DO PROJETO AUDIOBOOK JUDITE QUER CHORAR, MAS NÃO CONSEGUE!

Agora você já pode realizar seu apoio ao projeto "Audiobook: Judite quer chorar, mas não consegue!", narrado por Malu Mader, comprando o livro antecipadamente no site:http://catarse.me/pt/audiobookjudite. É muito fácil de acessar, cadastre seu e-mail e senha, escolha a categoria LITERATURA, e em seguida localize o projeto Audiobook Judite quer chorar, mas não consegue!, assista o vídeo com Edu Oliveira sobre o projeto, depois é só clicar em (APOIAR ESTE PROJETO) e escolher a sua recompensa, pronto você já estará apto a realizar o pagamento. O site é muito seguro e o cadastramento super rápido.

link para acessar o projeto: http://catarse.me/pt/audiobookjudite

se puderem divulgar já será uma grande contribuição

ilustração de Clarice Cajueiro Miranda para o livro 
Judite quer chorar, mas não consegue!

domingo, 10 de março de 2013

Bichos escrotos

Oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo VÃO SE FUDER

Atualmente, versos como este são impensáveis numa tarde de domingo da tv brasileira, mas antigamente não era assim. Acabo de ver um documentário sobre os Titãs, uma das nossas bandas de rock, onde tocavam no programa Qual é a música?, apresentado pro Sílvio Santos. O discurso politicamente correto nos emburreceu muito  nesses últimos tempos. Não entendo qual a função disso. Enlatar? Enquadrar? Uniformizar os pensamentos? Estamos precisando gritar, nos revoltar, xingar, mandar tudo para casa da puta que pariu mesmo, porque estamos passando por um momento delicado onde nosso país adoece nas mãos de políticos que querem a todo custo se manter no poder e sem ética ou responsabilidade com o bem coletivo e para conquistá-lo (o poder), se submetem a conchavos e alianças que nos violentam, agridem, nos estupram.



quinta-feira, 7 de março de 2013

terça-feira, 5 de março de 2013

Lê pra mim? - Judite nesta quinta


A CAIXA Cultural Salvador apresenta, de 5 a 10 de março (terça-feira a domingo) o projeto “Lê Pra Mim?”.

Nesta quinta-feira (07/03), mais uma vez, eu e Judite estaremos nessa, junto com gente muito especial. Compareçam, prestigiem!

Informem também aos amigos com deficiência auditiva que haverá tradução em LIBRAS.



Perturbando a pipoquinha

Em apenas uma noite recebi duas indicações de filmes imperdíveis. Confio na opinião dos amigos que me mandaram e já estava mesmo curioso para ver COLEGAS, influenciado sobretudo pela campanha "Vem Sean Penn", que eu acho que não veio, né? Ou se veio ficou bem escondidinho. O filme AS SESSÕES eu ainda não tinha ouvido falar, mas só pelo trailler e empolgação de Victor, eu estou louco para ver.

Isso me deu uma ideia, vou buscar filmes que tenham a deficiência como um dos temas.





domingo, 3 de março de 2013

Antes ele do que eu

Sei que muito triste ver uma mãe chorando a morte de um filho. Nunca concordei muito com isso porque quem está vivo é para morrer mesmo, né? mas dizem que o natural é o filho enterrar os pais. Pensando nesta mulher que vê o filho ali estendido, me dá pena, mas nunca pensei em deixar de matá-lo.

Não lembro de ter matado nenhum personagem antes, sempre busquei em meus personagens algo que comunicasse possibilidades, alternativas, nada que ficasse fechado em verdades, em radicalismos, mas este era inevitável matar, já nasceu morto, embora tenha vivido mais de 40 anos. É que não consigo conceber uma pessoa que não sabe para que veio, que não se dá utilidade, que não compreende a função que se meteu a fazer. Não posso manter vivo um ser que se confunde com um botão, uma maçaneta, uma dobradiça, sim, porque ele nunca chegaria a porta. Embora tenha sido contratado como porteiro de um prédio, nunca entendeu o que aquilo significava. Imagine alguém passar a vida simplesmente apertando um botão, apertando botão e dormindo. Ele não ajudava aos moradores que chegavam com compras, nem à velha com AVC em sua cadeira de rodas. Nem levantava para fechar o que acabara de abrir. Vivia sonolento, bêbado com zipper aberto e sandália enfiada num pé com meia e aquela cara medonha amassada, amarrada. Falava com ninguém a não ser com o vendedor de cafezinho que passava vez ou outra  por ali. Não tinha apreendido com outros colegas a transformar aquelas noites em seu ofício. Acredito que pouca gente deva gostar de trabalhar na madrugada, num serviço como este, mas os seus colegas transformavam a noite com sorriso e delicadeza, presteza e atenção. Sempre um BOA NOITE carinhoso, puxando algum assunto sem se meter na vida de ninguém. Mas ele não, só queria dormir. E quem nunca quer acordar, para quem vive alheio ao mundo, dormindo, fechado em si mesmo é como alguém que já morreu.

Fica aqui aquela máxima: ANTES ELE DO QUE EU!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Finalizando audiobook



Eu e Malu, em foto de André Mantelli, no dia da gravação do audiobook.


Estamos em fase de finalização do audiobook de Judite, que todos sabem e narrado pela Malu Maravilhosa Mader. Embora tenhamos recebido o premio albertina Brasil, do MINC, o valor deste é muito pouco diante do que conseguimos fazer. Assim, como podemos deduzir, o dindin do prêmio já acabou e estamos bancando o projeto com dinheiro próprio, o que também não é muito. Gostaria de saber de vocês, meus amigos queridos, se eu fizer uma vaquinha dessas virtuais, vocês comprariam antecipadamente ou apoiariam o audiobook? Isso já garante que vocês terão, pelo menos, o livro em mãos quando lançado e mais alguns mimos de Judite. pretendemos lançar em breve, brevíssimo, dentro de um evento maravilhoso. Tenho medo dessas coisas porque crio expectativa e fico sonhando. Aqui é papo de amigo mesmo, viu? O que vocês acham da ideia?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

E O CORPO PERTURBADOR? DAS INVISIBILIDADES E CONTINJUIDADES...!


Para que as ideias sobrevivam e possam potencializar suas discussões em busca de possíveis mudanças é preciso que tenha alguém para defende-las. Corpo Perturbador é uma obra que, além de alavancar discussões sobre o corpo, deficiência e acessibilidades, nos fazem refletir sobre os discursos equivocados a respeito dessas pessoas como incapazes de construir conhecimentos. Esta obra nega cabalmente tal proposição. Efetivamente , as lacunas que insistem em residir no campo da dança sobre o assunto ainda encontram dificuldades para  elucidar e franquear o acesso desses artistas que apontam novos modos de organizações de corpo inovadores que causam certos estranhamentos percepcionais, ou seja, um preconceito generalizado e difundido no mundo da dança e no imaginário social, justo por não encontrarem nesses ambientes de direito, espaços de representatividade e de convívio comum. Por suas próprias ausências tão comuns no ambiente artístico suas aparições soam e reverberam esses estranhamentos ao revelar seus corpos escolióticos e deformados pela paraplegia desvestidos. Expostos estão suas curvas e questionamentos que se debatem e embatem rastejando por entre as pernas das cadeiras e as pernas das pessoas. Por que se esgueiram? O que nos questionam? O seu plano de visibilidade é outro, é o solo, o chão, exige que desviemos o olhar para o que se apresenta esparramado no chão prolongados pelos corpos bichos estendidos, agora transformados em lugar de significados. Além de estranho, ameaçador pois desloca o olhar e o pensamento da dança para um lugar/ambiente que exige outro modo de organização de corpo que não aquele comum e virtuoso, o velho ideário do corpo para a dança.A dança contemporânea aqui esta representada em suas características, a presença de múltiplos corpos e o foco do olhar desviado do centro. Dá trabalho? Sim , muito, muito, muito..., como qualquer trabalho artístico de dança que exige do corpo competências no seu fazer. Corpos em suas singularidades que criam discursos politicos colados na contemporaneidade, transgredindo e avançando no tempo. Paradoxalmente, ao refletir que esse projeto tinha como uma das ideias fundante a colaboração entre diversos artistas, uma proposta desafiadora em que todos os envolvidos versariam em torno de uma ideia comum, que seria o sucesso e o avanço de uma obra genuinamente contemporânea (construída por todos), se esbarra justo na ausência de habilidades que envolvem os processos colaborativos, processos que dependem da maturidade e de relações consistentes entre toda a equipe para que a obra possa encontrar seus espaços de autonomia e permanência no tempo. Corpo Perturbador tem outros problemas para dissolver. Quais são eles? Inúmeros, não cabe citá-los aqui, porem cabe a cada um refletir suas fragilidades para avançar , para mudar o tecido social que embarreira os projetos que apresentam caracteristicas estruturantes ao propor problemas que avançam em direção a construção do conhecimento sem se deslocar da realidade. 
 
Profa. Dra. Fatima Daltro (nome artístico: fafa Daltro).
escola de Dança da Universidade Federal da Bahia,Coreografa Grupo X de Improvisação em Dança.

foto de Débora Motta

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Leite



"Num dia assim calado você me mostrou a vida
E agora vem dizer pra mim que é despedida" - Otto

Talvez seja muita maluquice e que as coisas não sejam tão assim interligadas, não estão tão relacionadas como, às vezes, queremos/pensamos estar. Mas naquele dia era despedida mesmo e foi tão forte, tão intenso... naquele dia se anunciavam novas possibilidades que no momento não me dei conta de que assim seria.

Compartilhando esta música - presente de Ana Luiza, uma amiga tão especial que sempre está presente em momentos tão importantes e transformadores. Obrigado, Lu.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Alex Misnky

Alex Minsky é veterano de guerra que perdeu uma perna numa missão no Afeganistão, após este fato, tornou-se modelo. Ele está neste momento do blog porque decidi manter a página e nada melhor do que se recuperar de um baque vendo gente linda, com uma história incrível. É para se deliciar apenas!






fotos retiradas da fanpage https://www.facebook.com/AlexMinskyFanPage 

informações encontradas: http://www.frrrkguys.com.br/alex-minsky-inspirando-o-mundo/

Faltando palavras


por Diane Portella

vixe, não me sai palavra nenhuma..

me vem uma perna,
um arrocha no buzu,
outra perna...
uma câmera..
a pergunta que não quer calar,
me silenciou,
abriu pra dentro,
riscos,
desejos,
frustrações comigo,
animo e novidade outra vez e outra vez,
outra perna,
tardes na saúde,
delicias,
amarração de botas,
experiencias vividas,
gemidos,
experimentos,
grunhidos,
laboratório,
suor,
chuva de estréia,
surpresas, novidades,
textos por ler,
muitas fotos,
sandálias nas mãos,
chega logo!!!
uma diverticulite(!)
e a risada dele até pra isso..
muitas e muitas perturbações, 
com e sem R,
aprendizagem.
e a outra perna...
que deixou de ser frágil.

e seguirá faltando umas quantas palavras...


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O aborto

Pensei demais o que eu deveria fazer. Escrever? O que? Para que? Se o fim já estava anunciado, falar por que? Pela primeira vez sofri um aborto. Forcei o aborto. Abortei O Corpo Perturbador e agora não tem mais volta, não posso me arrepender. E digo aborto porque não cresceu o tanto que podia crescer. As coisas foram distribuídas, destruídas. Bati a toalha. Hoje, decretado o fim real deste trabalho. Claro que poderei dar continuidade a esta pesquisa de uma outra forma, com outra proposta, mas o fato é que aquele Corpo Perturbador acabou. Não tivemos, repito, não tivemos capacidade, competência ou vontade de fazê-lo crescer. As dificuldades foram muitas desde o início: atraso da verba, estagiário que não encontrava, lona que não chegava, inspiração, trabalho, espaço, viagens, diverticulite, impossível montagem, desistência, furos, mais atrasos.... Aquele monstrengo lindo e enorme.

Sinto dificuldade em falar do trabalho porque há coisas imperceptíveis, sutis, que me são tão caras, tão importantes.......... Importante! O que é importante nesse mundo descartável? O Corpo? A Perturbação? O embate? A provocação? A arte? A arte é importante? A arte é um perigo! "A arte é uma coisa perigosa. A arte busca o máximo da vida", sentenciou Teixeira Coelho no livro A cultura e seu contrário.

O Corpo Perturbador foi um espetáculo onde me coloquei num risco máximo. Rememorei subir em árvores, me transformei em bicho, em Baco, lutei Jiu Jitsu, dancei na chuva, embaixo de raios e trovões. Acho curioso que o meu único trabalho onde me exponho sem adornos engraçadinhos, sem firulinhas, sem delicadeza, seja o único trabalho a ser abortado. E isso me dói constatar. Não sei o que pensar ainda sobre isso, mas nos diz alguma coisa. Ou não? Judite é danadinha, veste capa de boneca para morder todo mundo e sair assoprando depois. Odete é delicada, como devemos ser quando recebemos visitas em casa, mesmo que o que conversarmos seja pesado, um chá de difícil digestão e Marilyn é maluca da Carlos Gomes que vê o tempo consumindo tudo. Neste último eu também exponho meu corpo torto, esdrúxulo, mas foi no Corpo Perturbador onde escancaro tudo e ainda tinha Meia Lua e a força que aquele corpo traz. 

Estou falando demais para quem não sabia o que iria falar, mas é morte sem ser Odete. Mas é bom lembrar dos Papos Perturbadores, lembrar de Diane e seu olhar e presença e afeto, lembrar que Baby esteve aqui neste cantinho, os contos devotees, as entrevistas, aquela mesma pergunta de sempre, cigano-poeta-índia-artesã-dançarinos-barman-Dona Canô-Dona Luizinha-Minha vó Alda-Makiba ......................................................... ICBA-Palácio das Artes-Escola de Dança-Pelourinho...................................

Muito pouco, eu acho. Queria falar mais.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Bruce LaBruce

Muito recentemente, tive contato com o trabalho de Bruce LaBruce. Uma pena não conhecer este artista antes, na época da criação d'O Corpo Perturbador porque senti uma aproximação do que tratamos no espetáculo com a obra deste cineasta, fotógrafo, artista canadense. Seu cinema é um pornô diferenciado, próximo ao trash. Não vi ainda seus filmes, mas suas imagens e trailers que podemos encontrar no Youtube, me fizeram sentir próximo de sua proposta. E ele está aqui porque trabalha também com pessoas com deficiência. Irei confessar uma coisa: eu era louco para fazer um filme pornô.

Publico duas imagens encontradas em seu site: http://www.brucelabruce.com/bio.html