domingo, 16 de dezembro de 2012

A hora do cansaço

Carlos Drummond de Andrade
As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gosto acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Porque parece o fim

O que mais tem me feito re-pensar em findar com este blog é o fato de querer recuperar coisas importantes que estão aqui, ou seja, preguiça mesmo e falta de tempo para salvar os textos, as fotos, alguns comentários que não consigo desapegar. E se precisar retornar? E se eu me arrepender? E quando eu quiser recordar?

O trabalho O Corpo Perturbador caminha para um fim. Acredito que tenhamos feitos as últimas apresentações do espetáculo (há uma possibilidade em Abril de 2013), mas não é certo. Não pretendo alimentá-lo em 2013. Sua função foi cumprida e muito bem cumprida. Agora é pegar tempo para arrumar as malas, jogar fora o que não serve, chorar e sorrir com lembranças e dar adeus. Quando? Eu ainda não sei. Poderá haver novas publicações? Sim, sem dúvida! Mas para que mesmo?

Eu não sei findar o que gosto..........

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Mudança de local e a ditadura na Bahia



Galera, na ditadura disfarçada em que vivemos nesses últimos tempos na Bahia, os acordos e contratos não valem de nada. 

O nosso Excelentíssimo Governador, resolveu fazer um evento no Palácio da Aclamação, no dia 11/12, como ele acha que os outros têm que se sacrificar para lhe servir, o espetáculo O Corpo Perturbador, que já estava agendado neste local, integrando a Pid Bahia, teve que ser deslocado para a Escola de Dança da UFBA. 

Eles ainda queriam transferir o espetáculo para a Praça das Artes, no Pelourinho que não tem acessibilidade nenhuma. É revoltante saber do descaso e desrespeito às questões de acessibilidade, principalmente porque se trata de um espetáculo com dois dançarinos com deficiência, onde iremos realizar uma oficina para pessoas com deficiência visual e haverá audiodescrição  para este público durante a apresentação. Ou seja, todo o trabalho que tivemos em buscar espaços e possibilidades mais confprtáveis e viáveis para atingir um público diversificado, porque a Escola de Dança da UFBA também não tem acessibilidade. Eu não ia me pronunciar em relação a isso, mas não consigo me calar.

E ainda mais, a pauta para o espetáculo "O Corpo Perturbador" havia sido acordada desde junho, com todo o protocolo necessário para a cessão de espaços públicos, ou seja, tudo dentro da formalidade que pede a lei e o bom-senso. Ou seja, a mudança da pauta do Palácio da Aclamação, ocorreu de forma nada democrática e muito desrespeitosa com a população, com quem trabalha seriamente para executar projetos culturais e que diga-se de passagem, apoiado e financiado em parte pela SECULT, não estamos pedindo favor ao Estado, estamos participando de forma ativa da política, exercendo o nosso direito de produzir arte e cultura. EXIGIMOS RESPEITO!!!!

Continuamos as apresentações dias 07 e 10 de Dezembro, às 16h, gratuito, mas agora na Escola de Dança da UFBA (Ondina). por favor, divulguem porque todo material de divulgação do festival já está pronto informando que seria no Palácio e não temos como alterar. Contamos com a colaboração de todos e a presença. Grato!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um corpo inspirador


Por Maíra Spanghero

A primeira vez em que contato com o projeto O Corpo Perturbador foi através de Diane Portella no final de 2010. Eu estava na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia esperando o beiju com manteiga que a quituteira Neti preparava para mim quando ela se aproximou. Quis saber se eu era quem ela estava pensando. Diante da afirmativa e no decorrer da conversa, Diane me contou a respeito das atividades do projeto e do blog de Edu O. Por fim,  perguntou se poderia responder duas perguntas diante de sua câmera: o que te perturba? O que é um corpo perturbador?

Pausa.

Gola romântica, torso nu, pés de casco, pernas muito compridas de pêlo de bicho. É assim que o artista do corpo, o baiano Eduardo de Oliveira (mais conhecido por Edu O.), e seu comparsa, o bailarino Meia-Lua, entram em cena. Digo, caminham-rastejando perto dos nossos pés até o pátio do ICBA, a área aberta do Instituto Goethe de Salvador. Chove um mar. O público está acomodado ao redor do lugar que os dois artistas re-significam com força e destreza. A olhos nus, há uma inteligência naqueles corpos que a maioria dos humanos desconhece, sequer sonha existir, quiçá ter coragem para olhar.

Como se sabe, tem-se preferido chamar de “corpos com necessidades especiais” aqueles que estão em uma das extremidades de uma escala que os regula entre “normais” e “deficientes”. Em certa medida, todos temos necessidades especiais diferentes uns dos outros, certo? Embora os primeiros tenham que lidar com adversidades que os humanos caminhantes enfrentam de uma outra forma e, obviamente, com maiores rotas de fuga e favorecimento, o que fica mais explícito no trabalho cênico “O Corpo Perturbador” são as habilidades. Para além das diferenças e dificuldades, os limites eliminam possibilidades para abrir caminho para algum porvir. O que há de vir não existe, precisa ser construído e inventado, como é o caso dessa dança. Para Eduardo Oliveira e Meia-Lua, o que parece estar apenas carimbado de limitação, se torna, claramente, trampolim. Só os corajosos pulam.

Aquelas pernas-bota são lânguidas. São espartilhos para membros inferiores.  Os corpos que a portam, além de seus super-poderes sensório-motores específicos, emanam sensualidade. Lembram-nos, com enorme elegância, que há sexualidade ali, que há potência em todas as suas partes. São corpos que afetam e são afetados criando uma política de vínculos baseada nesses afetos. Couro, pele, pêlo, carne, laço, osso e sangue. Corpo-árvore, corpo-que-se-carrega, corpo-rastro, corpo-bicho.

Não quero que se machuquem nunca mais.


Salvador, Fevereiro/2011.

Maracujá murchando

Encontrar Meia-Lua sempre é uma experiência incrível. Hoje tivemos o primeiro ensaio juntos para as próximas apresentações d'O Corpo Perturbador, dias 07 e 10 de Dezembro. Para mim, retomar este projeto agora, depois de um ano de distância, me possibilitou reavaliá-lo e pensá-lo com uma outra dinâmica, outra energia. 

Meu corpo (o de ninguém) já não é o mesmo de dois anos atrás, quando estreamos o trabalho. De lá para cá, descobri que tenho osteoporose, tive diverticulite no meio da primeira temporada, estou com uma epicondilite.... tudo isso afeta a minha dança/vida. Meia Lua também já sente ou revela mudanças corporais, confessa dores, entorses, cansaço... E isso é fundamental para o trabalho, porque como diz a deliciosa Maíra Spanghero, "não quero que se machuquem nunca mais".

Por causa de tudo isso precisei rever algumas cenas do espetáculo e o desafio está em manter os climas com outras dinâmicas. O difícil é estar dentro tentando ser "olhar externo". Também percebo que esses dois corpos, por si só, já tem uma força cênica, já comunicam e reclamam tantas coisas...

Podemos estar mais calmos (sem perder a tensão), mas com cuidado para não ficar parecendo maracujá murchando, mole, sem vida....

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

curiosidade sem importância

às vezes tento entender os sinais, as coincidências, coisas que acontecem sem explicação. O espetáculo O Corpo Perturbador estreou há dois anos, no dia 09-12-2012, numa temporada de quinta a domingo. Portanto o segundo dia de apresentação foi no dia 10. Este ano, faremos duas apresentações na Plataforma Internacional de Dança e o segundo dia será também 10-12. Na verdade não tem importância nenhuma este post, mas achei curioso. É isso!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Perturbando a PID

Ainda em fase de acerto dos detalhes, mas já confirmadas as 2 apresentações do nosso espetáculo O Corpo Perturbador, na programação da Plataforma Internacional de Dança - PID, a ser realizada no início de Dezembro. Faremos também uma oficina, na verdade uma exploração guiada no espaço cênico. O interessante é que pretendemos fazer esta ação com um público variado: pessoas com deficiência visual, sem deficiência, artistas e não-artistas... observando como cada corpo se comporta naquele emaranhado de cordas e tubos.

Mais detalhes assim que tivermos confirmação de data, hora e local.

Muito bom poder voltar com este trabalho dentro de um evento tão importante quanto este.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Riso

Augusto dos Anjos

O Riso - o voltairesco clown quem mede-o?!
- Ele, que ao frio alvor da Mágoa Humana,
Na Via-Látea fria do Nirvana,
Alenta a Vida que tombou no Tédio!

Que à Dor se prende, e a todo o seu assédio,
E ergue à sombra da dor a que se irmana
Lauréis de sangue de volúpia insana,
Clarões de sonho em nimbos de epicédio!

Bendito sejas, Riso, clown da Sorte
- Fogo sagrado nos festins da Morte
- Eterno fogo, saturnal do Inferno!

Eu te bendigo! No mundano cúmulo
És a Ironia que tombou no túmulo
Nas sombras mortas de um desgosto eterno!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A ausência do corpo

O que perturba meu corpo, hoje, é a ausência do corpo dele. Falando assim pode parecer injusto já que é meu corpo que normalmente se ausenta em viagens longas, despedidas compridas, oceanos que transbordam em dias, semanas... e amor é isso, junção de corpos-vidas e agora é a minha que vai, houve tempo em que minha vida era ficar e por isso sei também o quanto ele sente, as noites, os pesadelos... não, os pesadelos são meus aonde quer que eu esteja e é sempre o pensamento, o colo, o cheiro dele que acalma o soluço na madrugada e me faz novamente dormir.

Hoje ele foi ali rapidinho, já volta em menos de 24 horas, mas meu corpo já sentiu sua falta no bater da porta, na pressa do corredor, no esquecer da chave, na impossibilidade do beijo.

Eu que ando indo por aí, sofri por ter ficado.

sábado, 1 de setembro de 2012

O choro de cada dia (para Milton Nascimento e meu avô)



Tenho derramado todas as manhãs. Cada dia por motivos diferentes, por motivos que eu nem sei.

Ontem. Como o desejo era tão forte e eu havia acabado de acordar, eu não sei se sonhei-pensei-senti o cheiro de meu avô. Imediatamente me veio o nó, a vontade de chorar e a cachoeira derramando. Havia delicadeza naquela lágrima, havia alegria por tê-lo tido na vida, havia saudade e vontade de que ele continuasse aqui, embora a idade avançada e a certeza de que não viramos sementes. Chorei um choro tão gostoso e solitário que naquele café da manhã londrino só faltaram a torradas que ele fazia.

Hoje acordei irritado com uma italianada mal educada fazendo barulho no corredor, mas o que me fez chorar foi ouvir Milton Nascimento. Sinto tanta pena dessa geração nova que nem deve conhecê-lo, não porque não tenham interesse, mas a mídia é negligente, perversa, nos priva do contato com o que há de sublime, com o que nos transforma em seres singulares, únicos. A mídia nos faz padronizados, impõe os mesmos gostos, os mesmos sons, as mesmas bundas.

Talvez eu tenha chorado de alegria por ter tido oportunidade de inúmeras vezes ouvir Milton Nascimento, a voz masculina preferida de minha mãe, de gostar também do que a cultura de massa apresentava, mas havia de tudo. Os artistas também foram se vendendo para não sair da telinha, da capa de revista, do sofá colorido do castelo. Milton não precisa. O que ele produz é tão sublime (transcende o belo), é tão divino.

Milton é mito e meu avô são deuses!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Bansky perturbador

Às vésperas de voltar a Londres para encerramento do projeto Unlimited, junto à Candoco Dance Company, publico fotos de trabalhos do Bansky, artista inglês, grafiteiro, pintor, ativista político, diretor de cinema e perturbador. Poesia no concreto.







sábado, 11 de agosto de 2012

Olhe-me nos olhos... eu disse nos olhos


Publicidade belga gera polêmica com foto de modelo amputada. 


A modelo Tanja Kiewitz posou para a campanha de lingerie que tem o seguinte título: “olhe-me nos olhos… eu disse nos olhos”.

O título é maravilhoso, né?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

6 anos da Lei Maria da Penha


A lei Maria da Penha completa hoje 6 anos que protege mulheres vítimas de violência doméstica. A lei número 11.340 decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do artigo 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, e da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar esse tipo de abuso.
Maria da Penha foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la, tamanho o ciúme doentio que ele sentia. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento. Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público.
Em razão desse fato, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), juntamente com a vítima, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que é um órgão internacional responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação desses acordos internacionais.
Essa lei foi criada com os objetivos de impedir que os homens assassinem ou batam nas suas esposas, e proteger os direitos da mulher. Segundo a relatora da lei Jandira Feghali “Lei é lei. Da mesma forma que decisão judicial não se discute e se cumpre, essa lei é para que a gente levante um estandarte dizendo: Cumpra-se! A Lei Maria da Penha é para ser cumprida. Ela não é uma lei que responde por crimes de menor potencial ofensivo. Não é uma lei que se restringe a uma agressão física. Ela é muito mais abrangente e por isso, hoje, vemos que vários tipos de violência são denunciados e as respostas da Justiça têm sido mais ágeis.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A tal da dor de cotovelo

Tem sido difícil escrever aqui no blog. Não que não haja muita coisa que me perturba, que possa ser compartilhada aqui ou que tenha a ver com os assuntos que permeiam este espaço. Não tenho tido muito tempo para vasculhar possíveis abordagens, nem inspiração para transformar em texto o que tenho visto-vivenciado.

Farei um parêntese nesta altura do texto. (este horário me deixa inquieto, sentindo solidão, é uma luz que se vai se apagando aos poucos e nem escuridão é ainda. é uma tristeza misturada de ansiedade dos que partem do trabalho rumo à casa ou à happy hour com a turma. Não gosto, a menos que eu veja o sol se pondo, lindo, alaranjado... gosto da cor desta hora).

Bem, mas voltando ao que me trouxe aqui e não ao Monólogos na Madrugada - outro blog que me sinto mais livre para falar do que quiser - foi o atendimento que tive, hoje, na Clínica COT do Canela. Tenho sofrido há meses com uma epicondilite (dor de cotovelo) o que me forçou a fazer sessões de fisioterapia. Já havia tentado em outra clínica, mas quis optar pela COT por causa da tradição e também porque já havia sido tratado lá e me dei bem. Hoje fui ao quinto médico depois da lesão. Nenhuma novidade, embora a dor esteja mais intensa, fez a mesma coisa que os outros, apenas me ameaçou dizendo que seria impossível me curar se eu não parar de dançar, já que sou cadeirante e isso agrava a situação. Passou remédio, etc etc etc... Me dirigi à fisioterapia, 10ª sessão, o que me obriga a esperar a liberação do plano de saúde para outras 10. O que, normalmente, é um coisa rápida, as recepcionistas da clínica culpam a ASFEB, meu plano, pela demora. A recepcionista me disse ainda que eu não iria continuar o tratamento (que o médico pediu que eu não interrompesse nenhum dia), porque médico entende de saúde, mas não entende da parte administrativa. Ora, ela trabalha num ambiente que teoricamente é para cuidar e se preocupar com a saúde de quem paga, de quem utiliza seus serviços. Ou não? Estes trâmites administrativos podem estar demorados, mas o plano, com certeza, não irá impedir o tratamento, o que não impede que eu continue, podendo assinar posteriormente os dias que frenquetei. enfim... o que chateia é esta falta de senso humano, essa má vontade de atender aos outros, sei lá.... só sei sentir raiva!

O texto acaba por aqui mesmo, mas para quem deseja entender melhor o caso, ei-lo:

Nesta primeira etapa do tratamento (o planos libera de 10 em 10), levei uma semana para poder começar a fisioterapia porque a COT dizia que a ASFEB não havia autorizado ainda. Eu havia ido numa segunda-feira e fui orientado a ligar para a clínica no dia seguinte porque eles haviam acabado de enviar a solicitação e na terça, provavelmente, já estaria liberado. Não estava. liguei quarta, quinta e sexta e nada de liberação. Liguei para a ASFEB na segunda-feira e fui informado que já tinha sido autorizada a minha fisioterapia desde a quinta. Que a solicitação foi encaminhada na quarta (a COT me disse que enviou na segunda e depois na terça). Imprimi a autorização enviada pelo plano e na terça fui munido deste documento porque precisava mesmo começar o tratamento. A clínica então disse que não havia recebido o documento pelo sistema, como é padrão do atendimento e que o código enviado estava errado. Enfim... uma série de mentiras e confusões e incompetências de ambas as partes: ASFEB e COT.

Nem preciso explicar porque este texto está aqui, né?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O meu horizonte é o seu umbigo


Kevin Connolly é um fotógrafo americano que retrata o mundo a partir de seu ponto de vista. Nasceu sem pernas e produz imagens, lindas, numa perspectiva diferente do que o padrão visual está acostumado. Eu fiquei fascinado pelo seu trabalho que me foi apresentado por uma amiga, Martha Galrão. Sempre desejei pesquisar se há alguma influência na forma de ver o mundo porque enxergo o mundo num outro nível. O meu horizonte são os umbigos. Fico pensando sobre as questões relacionais. Inconscientemente será que o mundo acredita ser superior a nós porque nos olha de cima, e nós, embaixo, lançamos um olhar que se aproxima dos olhares submissos. Não sei se é viagem, se isso tem a ver. 

Cenas cotidianas, como nesta imagem de uma família na rua, se tornam interessantes por causa da perspectiva e também parece transformar as dimensões das coisas. adorei demais!!!

Confesso que muitas vezes me aproveitei dessa condição, principalmente no carnaval quando encontrava alguns corpos deliciosos e bundas apetitosas. Como meu campo de vista e de ação são as partes mais baixas do outro, eu como quem não queria nada, dava uma alisadinha e pedia licença com a cara mais inocente do mundo. Quem iria saber o que se passava nessa cabeça pervertida?

Eu não tive a ideia, nem a capacidade de transformar isso em arte, como fez Kevin Connolly. Preferi ficar na bagaça mesmo e viver desejando o próximo carnaval.



fotografias de Kevin Connolly

Kevin fotografado por Jon Stone


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Indignação

Parece que virou de mau gosto mostrar sua indignação com o que é indigno.


Monclar Valverde

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Difícil é ser humano e conviver com os humanos, meus irmãos

O difícil é ser humano e conviver com outros humanos, esses meus irmãos, aqui nesta terra d'Oxum. Está ficando impossível manter a alegria e a calma ao sair em Salvador. É sempre a certeza de aborrecimento, mau cheiro, falta de educação.... fora que para um cadeirante é a certeza de impossibilidade de locomoção, participação na vida social do lugar. Sem acessibilidade, você fica refém e dependente da boa vontade e paciência alheia.

Hoje fui assinar um contrato na Fundação Cultural do Estado da Bahia que está localizada, atualmente, no prédio do antigo Liceu de Artes e Ofícios. Lugar sem estacionamento e péssimo para conseguir parar o carro. Tive o cuidado de perguntar com antecedência sobre o melhor procedimento para evitar transtornos, acertei com a pessoa para que tudo estivesse pronto na minha chegada, com medo de atrapalhar tanto o funcionamento da instituição quanto do taxista que me levou. Sim, porque transporte público para cadeirante aqui só mesmo táxi. Era impossível chegar até ali por outro meio. Nisso você imagina o valor da corrida que é exorbitante nesta cidade que vive para quem vem de fora, seus habitantes não valem nada.

Como seria mais rápido eu assinar as 3 folhas de papel dentro do carro, do que parar, tirar a cadeira, montar as rodas, colocar almofada e os pés, fazer a transferência e entrar na casa. Comecei a assinar no painel mesmo. Mas, eis que surge um irmão humano, demasiadamente humano e começa a buzinar sem fim. Com a mão pesada descarrega grosseria. Repito, foi mais rápido (menos de 2 minutos) assinar ali do que fazer todo o procedimento da cadeira. Para completar o policial que estava na esquina, aquele animal, aliás não, animal só ataca para se defender e matar fome, aquele outro humano, chegou com toda arrogância que aquela farda lhe proporciona, pensando ter poder e desfia outra série de grosserias, além de ameaçar multar o táxi do rapaz que me prestava serviço.

O que ele não entende é que um Estado que não atende às mínimas exigências de acessibilidade, um Estado corrompido e burro, mergulhado na mediocridade e soberba, um Estado que se considera superior àqueles a quem ele deve satisfação... este Estado que não cumpre suas obrigações, não deveria, pela representatividade que ele, o policial, significava naquele momento, não deveria, nem poderia ameaçar ninguém por estar causando transtorno e danos a quem quer que seja. Porque tudo começou porque este Estado já causou um dano indescritível em quem não pode correr contra este sistema. Se a acessibilidade fosse respeitada e efetivada, nada disso teria acontecido.

Eu, humano que sou, errado por nascer, entendo "Um dia de fúria"!


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Inacessibilidade nas lojas Centauro

Resposta que dei à loja Centauro, agora a pouco, quando eles me procuraram para dialogar sobre minha reclamação na última sexta-feira:

Bom dia, me chamo Carlos Eduardo Oliveira do Carmo (Edu Oliveira no facebook) e fiz uma reclamação, nas minhas redes sociais, sobre a loja Centauro, sexta-feira. Agradeço de antemão a disponibilidade de diálogo.

Pela segunda vez tenho problemas com a citada loja no Shopping Barra-Salvador. Sou cadeirante, autônomo, viajo sozinho para todos os lugares, sou coreógrafo e dançarino profissional com um relativo reconhecimento aqui na cidade pelos trabalhos que desenvolvo. Acho importante destacar essas coisas porque todos sabem que sou uma pessoa independente e que sou militante pelas causas de acessibilidade, inclusive, estou fazendo mestrado sobre políticas públicas de inclusão, justamente para poder ter conhecimento e tentar mudar a consciência e as atitudes de alguns setores da sociedade.

Na referida loja, ela segunda-vez, fui impossibilitado de efetuar o pagamento da minha compra porque não há nenhum balcão rebaixado para atendimento ou para cadeirante, ou para anão, ou para qualquer outra pessoa que tenha uma estatura menor, quer seja deficiente ou não. Eu já fiz esta reclamação anteriormente, mas me parece que a loja não compreende que desta forma exclui alguns clientes que não podem se dirigir ao balcão.

Na ocasião, eu estava acompanhado de minha irmã que perguntou à funcionária do caixa onde era o atendimento preferencial. Esta, em tom de ironia, sem ter me visto porque o balcão impede, perguntou se seria para minha irmã este atendimento. Esta apontou em minha direção e eu comecei a balançar os braços para que a funcionária pudesse ver que existia alguém ali embaixo. Fomos informados que qualquer caixa era preferencial e no momento do meu atendimento, não pude efetuar o pagamento porque a máquina do débito não tinha fio que chegasse até a mim para digitar a senha. Queriam que eu digitasse minha senha de maneira que todas as outras pessoas que estavam atrás de mim conseguiriam ver algo que é sigilosa e pessoal. A pessoa do caixa chamou outro funcionário que ao ser questionado por mim, informou que o balcão é padrão em todas as lojas Centauro. Ou seja, TODAS AS LOJAS CENTAURO descumprem uma lei de acessibilidade que prevê atendimento preferencial às pessoas com deficiência. Resolveram então mudar a máquina e foram, no momento do atendimento, tentar fazer a máquina sem fio funcionar, não tenho conhecimentos tecnológicos para entender como estava sendo feito isso. O fato é que, após ajustarem aquilo, me deram uma máquina que não processou minha compra.

Diante do constrangimento e do aborrecimento, saí sem poder levar a bomba para encher o pneu da minha cadeira de rodas, irritado, com a certeza de que nunca mais entrarei nesta loja.

Sem mais

Edu O.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Poema sem nome porque não se encerra

É que tudo parece ter a ver
Vezes que deixei de tudo por tua causa
Vezes que inventei uma calma
Cuecas que envelheceram
Sabão na tua vontade?
Querer demais é qualidade
Amar demais é desespero
O casamento é um desterro
Velha mágoa que se cala
O peito vinga-se na pirraça ao saber do teu vício
Vício são as minhas entranhas
O olhar já te cobra sempre
Mas beija tua boca e prefere se mentes
Aguentaria te perder

Devo ter publicado isso em todos os blogs, já usei em improvisações, já chorei, repeti 50 vezes no banho, queria ter escrito. Este texto de Líria Morays me emociona tanto e de vez em quando me vejo sussurrando, não sei para quem. Talvez para mim mesmo quando percebo que ando me perdendo. O texto não tem título, não tem nome, provavelmente porque palavras não lhe encerram. A primeira vez que ouvi foi no espetáculo Aceito, coreografia de Clênio Magalhães com Líria. Este parceiro eterno do blog e da vida.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Abuso da midia sensasionalista


Defensoria apura situação de jovem entrevistado por repórter da Band
Quarta, 23 de Maio de 2012, 19h19 - última atualização: 23/05/2012 19:20
Por Cathy Rodrigues/Jornalista


Estiveram presentes hoje (quarta-feira), na 12ª Delegacia Circunscricional de Polícia de Itapuã, em Salvador, os defensores públicos Fabiana Miranda e Rodrigo Assis para acompanhar o caso do acusado de assalto e estupro Paulo Sérgio Silva Sousa, de 18 anos. O fato está sendo apurado em ação penal que tramita na 8ª Vara Crime. Ao ser entrevistado por uma repórter do programa “Brasil Urgente Bahia”, da Rede de TV Bandeirantes, o jovem nega o estupro. No entanto, a reportagem, a jornalista afirma que ele “não estuprou, mas queria estuprar”, em seguida, o ridiculariza por confundir exame de corpo de delito com exame de próstata, ele chora e ela o chama de estuprador.
O caso ganhou repercussão nacional desde ontem (terça-feira), contudo, o acusado foi preso no dia 31 de março e, desde então, está preso na Delegacia de Itapuã. A entrevista em questão foi realizada dois dias após sua prisão. De acordo com a defensora pública e subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado da Bahia, Fabiana Miranda, os direitos da personalidade são essenciais à vida humana e visam a preservação de sua dignidade, bem jurídico inerente ao ser humano. “A honra e a imagem são direitos da personalidade, sendo inatos, inseparáveis da pessoa, não podendo o ser humano se privar deles”, declarou.
Ainda de acordo com a defensora pública, a reportagem utilizou a imagem do acusado para humilhá-lo, achincalhá-lo, expô-lo ao ridículo, apenas com o intuito de utilizá-lo em uma tentativa de angariar audiência, de forma sensacionalista, às custas da violação da sua dignidade: “A repórter não se limitou ao dever de informar, atingiu cabalmente a honra, a dignidade e a imagem do detido”.
O detido já conta com a assistência jurídica, o que deslegitima a Defensoria Pública da Bahia a adotar qualquer medida. “Viemos aqui para ver as condições em que se encontra Paulo Sérgio e oferecer nossos serviços, pois a Defensoria é uma instituição que está a disposição de todo cidadão em situação de vulnerabilidade. Outra questão importante é que não é possível conceber a devida justiça neste caso sem uma ação por danos morais. As imagens confirmam o abuso no exercício da informação e da manifestação do pensamento da repórter. A reportagem violou a Constituição Federal em seu inciso artigo 5º, inciso X”, afirmou o defensor público Rodrigo Assis.
Paulo Sérgio é réu primário, vive nas ruas desde criança, apesar de ter residência em Cajazeiras 11. Tem seis irmãos, é analfabeto e já vendeu doces e balas dentro de ônibus. Ao ser questionado sobre como se sentiu durante a entrevista, ele diz: “Eu me senti humilhado, porque ela ficou rindo de mim o tempo todo. Eu chorei porque sabia que ali, eu iria pagar por algo que não fiz, e que minha mãe, meus parentes e amigos iriam me ver na TV como estuprador, e eu sou inocente”.

Texto retirado do site da Defensoria Pública 


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Proibiram meu beijo - Homofobia NÃO

Lembro que passei por uma situação constrangedora num tal beco do Rio Vermelho. Um lugar conhecidamente frequentado pelo público gay, portanto sustentado por este pessoal. Não me coloco no meio de quem paga a luz, os funcionários, o gás, a água, enfim, daquele lugar porque tive apenas uma e fatídica experiência.

Estávamos numa mesa com umas seis pessoas e eu todo apaixonadinho pelo namorado de São Paulo que passava férias, já em final de viagem. Era natural querer ficar o mais próximo possível, de mãos dadas. Na leitura do cardápio nos demos um selinho, atitude suficiente para o proprietário do bar largar o que estava fazendo e começar a nos ofender e ser grosseiro e ameaçar nos colocar para fora. Se aquilo se repetisse nós saberíamos o que ele faria. Não preciso falar do mal estar que se instalou ali, na vergonha que senti porque só queria mostrar o melhor e me senti culpado por ele passar por aquela situação, os amigos presentes.... mas eis que começamos a ouvir as outras mesas gritando, batendo palma, solidários a nós "viva o beijo!", "viva o amor, o afeto!", "viva o beijo!!!" e todos começaram a se beijar e esvaziamos o bar imediatamente.

Infelizmente, amigos meus que sabem deste episódio continuaram e continuam frequentando aquele bar que deveria estar fechado e o seu dono falido, punido. Procurei advogados que não souberam, na época (2003), o que fazer. Acho que algumas coisas mudaram, até melhoraram em relação à denúncia, mas muitos morrem pela intolerância, ignorância, violência. É preciso estar atento e forte!


terça-feira, 15 de maio de 2012

Medo de mim

Aquele corpo pequeno, pernas finas, coluna torta, se arrastando pelo meio da casa dava medo na empregada que pediu demissão no dia seguinte ao primeiro de serviço. Era estranho sair da cozinha e ver um pezinho no chão entrar no quarto ou então ao bater na porta da rua não ver quem abriu a porta na minha frente, só depois me dar conta que a pessoa estava embaixo, dizia ela.

Aquele corpo dava medo porque aquela mulher não o conhecia, não tinha hábito de vê-lo desfilar agilidade diária, sorriso, beleza (?). A sua beleza. O medo vem da ignorância, do desconhecimento. De certa forma a mulher deu um poder àquele corpo que ele, no fundo, não tinha. Medo acaba quando o enfrentamos. É difícil enfrentá-lo, alguns nunca conseguem e perdem empregos, perdem tempo, perdem a própria vida.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Varal de flutuações


Foi a coisa mais simples que vi pelas bandas de lá e talvez por isso, talvez não, com certeza foi o que mais me tocou o afeto. Compartilhei este momento, hoje, com a turma do mestrado. O nome do arquivo estava China e alguns pensaram que eu levaria algo completamente diferente, super-ultra-mega sei lá o que e comecei minha fala dizendo: é apenas um varal, o meu varal de Santo Amaro que encontrei lá. Constantemente vemos na China varais espalhados no alto das casas, na porta da rua. é uma cena linda. Numa cidade enorme, com edifícios tão contemporâneos, tem os sobrados e seus varais. Ali me indicava vida, vendo aquilo dava pra sentir no cheiro de comida de vó, chá, pão quente e manteiga. Nem sei se eles comem isso.

Acho que com todo mundo é assim, comigo é muito forte, não consigo me desgarrar de tudo que me formou, me fez. O varal de meu avô foi meu trabalho de conclusão de curso da Escola de Belas Artes. Eu não tinha moldura para colocar umas colagens que eu fiz e não queria colocá-las naqueles quadrados tradicionais, feios... meu velho morreu nas vésperas da exposição de formatura. No dia do seu sepultamento, quando me despedi de sua casa, lugar que vivi grande parte de minha vida e que a partir de então eu não mais entraria, me deparei com um varal feito de arame duro, torcido, velho e imediatamente peguei para pendurar meus trabalhos que se transformou numa instalação com foto, desenhos, all-star pendurado, luva de figurino, chapéu, papel de bombom, tudo que fazia parte daquele momento que eu vivia e que a faculdade tinha, de certa forma, transformado meu olhar em arte. Pegadas na parede....

Na aula, agora de mestrado, apresentei o video feito em Pequim como imagem correspondente ao momento da minha pesquisa e li um texto, que transcrevo aqui um trecho:


A figura não isolada do entorno. Repetição de hábitos e a dança flutuante a mercê dos ventos. O fundo enraizado sustenta as folhas, diversidade com possibilidade de queda que também pode ser mudança, renovação. Necessárias mudanças para o fluxo do processo. Há corpos nas roupas penduradas que bailam nas ruas. Corpos invisíveis que se fazem ver porque há vida-história em tudo ali. Carreguei para o outro lado do mundo todas as minhas vivências e trouxe de lá bagagem pesada das experiências novas. Organização de idéias... ou seria desorganização das idéias¿ Fagulhas de porvires desconhecidos, mas pressentidos. Novamente necessárias mudanças, angústias, desespero. E aquela tranqüilidade registrada em vídeo não se fará presente¿ Rua pacata, árvores que são apenas o que são e isso não é pouco. Ser o que é, não representação do que se pretende ser. Vestígios de afazeres cotidianos, utilidades.

Agora estou silenciando para não vazar desnecessidades. E no final há uma placa de cuidado ao atravessar.

*Flutuação na Teoria Geral de Sistemas significa CRISE

domingo, 6 de maio de 2012

Diga-me quem és que eu te direi com quem andas

Sou aquele torto com pensamento fora do tempo, tentando ficar lúcido nesse tempo de agora, com picos de loucura.

Sem medir valor e sem saber se está além ou em tempos idos, sou aquele das coisas simples, importantes, dando a volta ao mundo sem vê-lo girar.

Sou o que fala alto, gargalha, chora e silencia.

Sou esse que não sabe porque dizer essas coisas, mas diz.


sábado, 5 de maio de 2012

Quando fiquei pequeno em Pequim



Estar do outro lado do mundo, para mim, foi mais impactante por pensar geograficamente. Andando numa rua da China encontrei um globo terrestre e precisei, como criança, comprovar o que é óbvio, mas não cai a ficha quando estamos vivendo. Coloquei um dedo no Brasil e percorri o trajeto que fiz até chegar lá. Posição oposta naquele mundo de mentira. Eu estava de verdade naquele ponto distante.

Confesso que não me senti em outro universo, mundos distintos, outro planeta. Não. O Oriente se ocidentalizou, a publicidade faz seu massacre em todo canto. Mesmo assim foi incrível! Foi como num sonho e eu ainda não acordei.

Em muitos momentos me senti um CORPOESTRANHO, CORPOPERTURBADOR. Eles tiravam fotos, me olhavam curiosos e meio escabreados, tímidos. Não somente pela cadeira de rodas, mas também por ser ocidental. Com outros dançarinos do Candoco, companhia de dança que me levou para lá, eles paravam na rua para perguntarem coisas, tirarem fotos... situação curiosa e engraçada.

Comi escorpião, enguia, água viva. Vi lugares inacreditáveis, coisas incríves. Palácios, templos, varais dançando nas ruas e sinos cantando baixo e constante. barcos flutuando como se fosse em nuvens. E eu pequeno diante de tudo aquilo, sentia o quanto crescia aqui dentro.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Deficiência em Cena

Carolina Teixeira foi a preparadora corporal d'O Corpo Perturbador, minha amiga querida e uma referência no meu trabalho, realizará nesta próxima quarta-feira (09-05), aqui em Salvador, o lançamento de seu livro Deficiência em Cena, no Ciranda Café, Cultura e Artes - Rua Fonte do Boi, Rio Vermelho, a partir das 19h.


"O trabalho tem como meta expor uma investigação acerca do corpo deficiente na cena artística brasileira com base na experiência construída junto a Roda Viva Cia. de Dança. O trabalho busca a reflexão sobre a questão destes corpos até então considerados incapazes para tal prática e que inauguram na cena artística um despertar para novas possibilidades estéticas de movimento, criação e produção artística". - Carolina Teixeira


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Chimamanda Adichie: O perigo de uma única história




Esta é uma palestra da contadora de história nigeriana, Chimamanda Adichie, sobre o que chama de "O perigo de uma única história", de onde surgem os preconceitos, os estereótipos. Discorre sobre a imagem que se faz dos africanos e começa de como as histórias infantis eurepoéias e americanas influenciaram a forma dela ver seus pares e a ela própria no mundo, na literatura. Sem as referências africanas, sem suas matrizes. Depois enumera uma série de equívocos de uma colega de quarto quando se mudou para os EUA para estudar na Universidade, outro professor que não via a "identidade africana" em seu romance, entre outros exemplos bastante contndentes. Afirma a importância de olharmos de forma ampla sobre alguma coisa, não acomodarmos com uma única história, da necessidade de exemplos afirmativos, positivos e não somente negativos sobre algo, alguém, uma nação, enfim... que isso constrói novos parâmetros, aproximações. É emocionante e urgente se apropriar desse pensamento.

Podemos ampliar a discussão para outros campos que não sejam apenas étnicos: deficientes, gays, mulheres etc etc

Aqui, transcrevo uma parte de sua fala para vocês entenderem melhor do que se trata. Após falar sobre os problemas da Nigéria:

"Todas essas histórias fazem-me quem eu sou, mas insistir somente nessas histórias negativas é superficializar minha experiência e negligenciar as muitas outras histórias que formaram-me. A única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos, não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se uma única história".

Assistam também a parte 2 do video. São apenas 9min de cada. Garanto que vale a pena.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia da poesia

Este é um poema de amor 
tão meigo, tão terno, tão teu... 
É uma oferenda aos teus momentos 
de luta e de brisa e de céu... 
E eu, 
quero te servir a poesia 
numa concha azul do mar 
ou numa cesta de flores do campo. 
Talvez tu possas entender o meu amor. 
Mas se isso não acontecer, 
não importa. 
Já está declarado e estampado 
nas linhas e entrelinhas 
deste pequeno poema, 
o verso; 
o tão famoso e inesperado verso que 
te deixará pasmo, surpreso, perplexo... 
eu te amo, perdoa-me, eu te amo... 

"Poeminha Amoroso"
Cora Coralina

segunda-feira, 12 de março de 2012

Aninha Franco e seus comentários preconceitos acerca do palhaço e da deficiência

Caros amigos,

No último dia 01 de março, a dramaturga e colunista Aninha Franco inescrupulosamente postou em seu perfil do Facebook a seguinte atualização, onde se dispôs a criticar o projeto "Muito prazer, eu sou palhaço". Seguiram-se uma série de comentários seus e de seus amigos virtuais chamando a proposta de oportunista, tratando o palhaço de forma pejorativa e, principalmente, a deficiência intelectual de forma discriminatória, preconceituosa e excludente. 

Por favor, compartilhem entre seus contatos, para que alguém como Aninha Franco não se sinta do direito de julgar e criticar o que desconhece e tecer comentários preconceituosos deste calão sem qualquer senso ético.

Laili Flórez.

Segue abaixo o link de sua atualização e a minha resposta.

Aninha Franco,

Escrevo em resposta ao post publicado no dia 01 de março no seu mural pessoal do Facebook, a respeito da oficina de palhaço para adultos com deficiência intelectual.

Primeiramente, uma vez que a integridade, o valor e os objetivos do projeto foram claramente questionados e criticados, permita-me esclarecê-la do que você pensa saber estar falando.

Sou Laili Flórez, coordenadora do projeto e professora ao lado de Renata Berenstein de Azevedo. Eu sou formada em Licenciatura em Teatro (UFBA) e estou no último período do Mestrado em Artes Cênicas (também pela UFBA). Trabalho enquanto professora e palhaça desde 2004 e neste campo de atuação cênica destino-me principalmente à palhaçaria de rua. Iniciei minha pesquisa sobre palhaço e deficiência intelectual em 2006, quando comecei a lecionar voluntariamente no Instituto Pestalozzi da Bahia. 

Renata Berenstein é psicóloga, atriz e palhaça e desde 2008 desenvolve um trabalho (igualmente sério) de teatro com usuários do serviço de saúde mental, uma referência no tratamento de portadores de transtornos mentais na cidade de Salvador, projeto do qual eu faço assistência desde 2011. Ela é minha parceira no projeto "Muito prazer, eu sou palhaço!" e assina, além da co-facilitação das aulas, a mediação do grupo.

O projeto ao qual você se referiu, Aninha Franco, não foi criação oportunista para se aproveitar de verba pública. Ele começou em 2006, foi tema de conclusão de curso, é meu tema da dissertação de Mestrado e se manteve ativo e totalmente sem incentivo financeiro (do setor público ou privado) até o final de 2011, quando foi contemplado com o edital de Demanda Espontânea do Fundo de Cultura e o Prêmio FUNARTE/Petrobrás Carequinha de Estímulo ao Circo. A oficina realizada à qual você se referiu em um dos comentários não foi realizada no Vila Velha, mas no Espaço Xisto Bahia. Ela aconteceu através de cessão de pauta para as oficinas de verão do espaço, foi gratuita (assim como todas as atividades do projeto do seu início até hoje) e não teve nenhum tipo de apoio financeiro. São até aqui seis anos de um trabalho sério, com objetivos sérios e resultados sérios, reconhecido academicamente e, agora, premiado nacionalmente.

A oficina que começa nesta segunda-feira 12 de março criticada em seus comentários virtuais é a primeira das seis ações que estão previstas para este ano e visam três diferentes grupos: deficientes intelectuais, portadores de transtornos mentais e familiares destes dois primeiros. A verba adquirida do Fundo de Cultura custeará as três primeiras oficinas e o prêmio da FUNARTE financiará as três últimas. Serão 180 horas de trabalho apenas em sala de aula.

Ao contrário do que foi sugerido nos comentários abaixo do seu post, essa oficina não tem o caráter excludente de limitar a associação da figura do palhaço à pessoa com deficiência intelectual, mas apenas destinar um curso com metolodogia especificamente preparada para trabalhar com tal grupo. Eu não compartilho desta idéia e é imaturo distorcer esta proposta a este ponto. Eu, por exemplo, facilitarei uma oficina de comicidade para mulheres em nome do grupo Nariz de Cogumelo e me pergunto se eu serei bombardeada pelos seus amigos virtuais e por você com o infeliz questionamento "se só a mulher pode ser cômica". Acreditamos, Aninha Franco, que palhaços somos todos. Ou poderíamos ser. Eu, você. Basta aceitarmos o lado ridículo que todos temos e assumi-lo com humor. 

Agora vamos ao motivo que me levou a responder suas palavras.

Foi surpreendente constatar o caráter discriminatório e excludente a que foi levada a discussão iniciada e alimentada pela sua pessoa. A figura do palhaço foi tratada de forma pejorativa e a pessoa deficiente intelectual foi claramente comparada com os políticos de nossa cidade, numa atitude de associar diretamente a deficiência intelectual à incapacidade de gestão pública, corrupção e desonestidade. Questiona-se a decisão de um edital de cultura apoiar este projeto, alegando-se que os "eficientes estão sem emprego", como se a cultura e a arte só devesse ser destinada para aqueles que não apresentam deficiências.

Em outro momento, a senhora escreveu as seguintes palavras: "Aliás, que objetivo pode ter a destruição da cultura? Só deficientes intelectuais são capazes de tal coisa". Eu acho que, a este ponto, é desnecessário tecer algum comentário a esta preconceituosa, discriminatória e gravíssima afirmação. 

A senhora, como artista, pessoa pública, colunista em jornal de circulação estadual, deveria tomar os devidos cuidados e pronunciar-se de forma mais ética a respeito do palhaço e da deficiência e entender de uma vez por todas que atitudes que compartilhem cultura, arte e/ou palhaçaria à pessoa deficiente não representam uma afronta às políticas públicas em cultura, nem descaso com a classe artística, mas uma oportunidade de democratizar, incluir e valorizar a diferença.

Este e-mail será repassado a pessoas da classe artística, educadores, psicólogos, associações, instituições de atendimento à pessoas deficientes e para palhaços e palhaças, para que seja divulgada a sua atitude juntamente com o link de seu post (que já está salvo em print screen).

Espero, senhora Aninha Franco, que esta carta de ajude a repensar seus impulsos em criticar projetos dos quais não conhece absolutamente nada e, acima de tudo, não se pronunciar preconceituosamente no futuro para/com a palhaçaria e a deficiência.

A palhaçada é séria e digna.

Laili Flórez.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O machismo - Gabriela Farías Zourelli - entrevista



Conheci Gabriela no 2º Encontro O que é isso? de Dança. Ela se inscreveu e foi participação importante e atenta durante todo o evento. Dançarina de tango, tradutora de linguagem de sinais, participou conosco de um Diálogos Cruzados na Escola de Dança da UFBA, em Novembro de 2011.

Estou querendo publicar sua entrevista há muito tempo porque acho pertinente tudo que diz a respeito dos corpos que estão fora dos parâmetros estabelicidos e considera que poucos são os corpos que não perturbam.

E hoje, um dia após as comemorações do Dia Internacional da Mulher, Gabriela está no blog quando questionada sobre o que lhe perturba na vida, ela responde: o machismo. Algo que também me perturba demais e provoca uma série de violência, não apenas contra a mulher, mas contra tudo que pode alterar este padrão hetero e patriarcal em que vivemos. A homofobia é uma perna desse machismo burro e hipócrita.

Em relação às mulheres, tomamos conhecimento diário de agressões, de desvalorização no mercado de trabalho e especificamente em relação à mulher com deficiência, temos números alarmantes. Vale a pena conferir o Relatório sobre a violência contra a mulher com deficiência que se encontra num dos menus aqui do blog, logo abaixo da foto principal.

Revista de Dança

Hoje está sendo sendo lançada a Revista de Dança. Na estréia deste espaço virtual tem uma matéria sobre dançarinos com deficiência e O Corpo Perturbador é um dos destaques da reportagem.

Aqui o link para acessar a revista: http://www.revistadedanca.com.br/comportamento.php?id=3


quinta-feira, 8 de março de 2012

Como tudo isso me afeta e transforma

O abraço de Ellie
O companheirismo de Annie
O sorriso de Vicky
O olhar e o beijo de Dan
A presença de Micka
O toque de Mirjam
O bom dia de Maggie
A delicadeza de Welly
O estar junto de Chris
O solo de Chris
A graça de Darren
A voz de Ronny
O cuidado de Daniel
O pilates de Gail
A arte de Claire
A atenção de Pedro
A felicidade de estar ali
A dança de todo mundo
O funcionário de Kilburn Station
O silêncio que acompanhou durante a viagem em Londres
A falta que sentirei de tudo isso que vivi

segunda-feira, 5 de março de 2012

Um corpo estranho

Diz-se que corpos carregam marcas. Poderíamos, então, perguntar: onde elas se inscrevem? Na pele, nos pelos, nas formas, nos traços, nos gestos? O que elas "dizem" dos corpos? Que significam? São tangíveis, palpáveis, físicas? Exibem-se facilmente, à espera de serem reconhecidas? Ou se insinuam, sugerindo, qualificando, nomeando? Há corpos "não-marcados"? Elas, as marcas, existem de fato? Ou são invenção do olhar do outro?

Guacira Lopes Louro
Um Corpo Estranho: Ensaios sobre sexualidade e teoria queer

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Saudade é janela

Mais uma vez a saudade é tema por aqui. Fiquei pensando nisso todos esses dias em Londres e como deve ser chato para quem ouve saber da mesma coisa tantas vezes, ouvir esta palavra repetidamente.

Estar em viagem é algo muito solitário, penso eu. Mesmo que estejamos em excursão, coisa que detesto, em meio a uma multidão, sempre é o nosso olhar que vê determinada coisa, um pequeno detalhe que torna aquele momento especial, aquele monumento ou paisagem inesquecíveis, um cheiro, um sabor, aquele beijo... é porque partimos carregados de passado, de tudo que nos aconteceu e que nos formou. O que encontramos adiante, depois da partida, é capturado a partir de todos esses prismas, todas essas informações e nisso é impossível ter uma percepção coletiva, é tão somente nosso como este sabor de café que sinto agora em minha boca, enquanto escrevo, deitado numa cama que nunca foi minha e que passou a ser há três semanas. Isso de pertencimento também muda tanto. Algo que nunca foi e nunca mais será, começa a te pertencer temporariamente e isso também é a viagem. O cheiro do sabão em pó, a luz que entra pelo teto de vidro da cozinha, o quintal cheio de neve demorando a derreter, a cortina, o abajur, os três potinhos coloridos de palha e o rádio antigo que nunca cantou para mim. Nunca mais os terei, mas serão tão meus quanto a televisão no chão do quarto em Salvador, os três colchões empilhados no lastro, o guarda-roupa de cupim, as gavetas, as prateleiras e o corredor. Como também me perteceu a escada, a varanda, o telhadinho na frente da casa por onde Patricia fugia dos castigos e as janelas, os paralelepípedos e antes o chão de barro. Como aquele imenso corredor, quarto do meio, do santo, banheiro, bengala, torradas e janela que se abria para a rua que dá na praça. Talvez nunca mais os possua, certeza não possuir, mas são meus para sempre.

Eu falava de saudade.

Eu senti saudade antes mesmo de partir e vim compreender o porque há pouco tempo. Não era saudade do que ficou, não é somente porque deixei as pessoas lá, mas porque não as tenho aqui para copartilhar. Saudade, para mim, é esta falta de compartilhamento deste sabor de café que ainda está na boca, destes potes coloridos, do abajur, da neve, da cortina, da cama e sabão em pó. É porque ninguém sabe, nem saberá, quais as músicas que ouvi, o que senti, quais as minhas alegrias e tristezas e porque as senti. Saudade é quando a viagem se torna apenas silêncio, enquanto o mundo se agita aqui dentro e não tem quem venha ver nessa janela aberta.

A vida merece Virginia



Uma voz assim... Uma mulher? Uma divindade? Beleza no seu mais alto teor, de chegar a doer de tão fundo que toca. Uma deusa, essa Virgínia. Uma deusa!!!!

Ouvir esta cantora me deixa em estado de graça, alegria, leveza. Lembro d eum rveeillon que passamos na praia, num lugarejo pequeno, aldeia de pescadores. Uma turma grande ocupou três casas do lugar. Entre vilões, percussão, conversas fiadas, gargalhadas, amanhacemos o dia escutando e dançando ao som de Virginia. Para muitas pessoas alegria e animação está vinculada a músicas agitadas, com batidas frenéticas, sei lá. Para nós alegria é estado de graça, vem de dentro e uma música como a senhora Virginia Rodrigues faz tem tudo a ver com felicidade. É para estar presente sempre. A vida merece!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Mãe, eles são iguais a mim

Vi este texto no facebook, me emocionei, vibrei, achei o máximo, quis o mundo assim, chorei e por isso tudo e mais ainda pelo que continuo sentindo bem dentro, ele veio para cá. Também porque o amor e a saudade do meu está enorme. Porque o amor de minha mãe é semelhante ao dessa aí e nós vivemos juntos, os 3, compartilhando os amores.

“Meu filho mais velho tem seis anos e está apaixonado pela primeira vez. Ele está apaixonado pelo Blaine de Glee.

Para quem não sabe, Blaine é um garoto… um garoto gay, namorado de um dos personagens principais, Kurt.

Não é um amor do tipo “ele acha o Blaine muito maneiro”. É do tipo de amor em que ele devaneia olhando para uma foto de Blaine por meia hora seguido por um ávido “ele é tão lindo”.

Ele adora o episódio em que os dois meninos se beijam. Meu filho chama as pessoas que estão em outros cômodos pra ter certeza de que não perderão "sua parte favorita”. Ele volta o video e assiste de novo… e obriga os outros a fazerem o mesmo, se achar que as pessoas não prestaram atenção suficiente.

Essa obsessão não preocupa a mim e a seu pai. Nós vivemos em uma vizinhança liberal, muitos de nossas amigos são gays e a ideia de ter um filho gay não é algo que nos preocupa. Nosso filho vai ser quem ele é, e amá-lo é nosso dever. Ponto final.

E também, ele tem seis anos. Crianças nessa idade ficam obcecadas com todo tipo de coisa. Isso pode não significar nada. Nós sempre brincamos que ou ele é gay ou nós temos a melhor chantagem na história da humanidade quando ele tiver 16 anos e for hétero. (Toma essa, fotos tomanho banho.)

E então, dia desses estávamos viajando para outra cidade ouvindo (é claro) o CD dos Warblers, e no meio da música Candles, meu filho, do banco de trás, fala:

“Mamãe, Kurt e Blaine são namorados.”
“São sim,” eu confirmo.
"Eles não gostam de beijar meninas. Eles só beijam meninos.”
“É verdade.”
“Mamãe, eles são iguais a mim.”
“Isso é ótimo, querido. Você sabe que eu te amo de qualquer forma?”
“Eu sei…” Eu podia ouví-lo rolando os olhos pra mim.

Quando chegamos em casa, eu contei da conversa para o pai dele, e nós simplesmente olhamos um nos olhos do outro por um momento. E então, sorrimos.

“Então se aos 16 anos ele quiser fazer o grande anúncio na mesa de jantar, poderemos dizer ‘Você disse isso pra gente quando tinha 6 anos. Passe as cenouras’ e ele ficará decepcionado por roubarmos o grande momento dramático dele’, meu marido diz rindo e me abraça.

Só o tempo dirá se meu filho é gay, mas se for, estou feliz que ele seja meu. Eu estou feliz que ele tenha nascido na nossa família. Uma família cheia de pessoas que o amarão e o aceitarão. Pessoas que jamais vão querer que ele mude. Com pais que não veem a hora de dançarem no casamento dele.

E eu tenho que admitir, Blaine seria realmente um genro fofo.”

Texto Original: http://getstooobsessed.tumblr.com/post/9004061623/mommy-they-are-just-like-me-my-oldest-son-is

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Quando não senti os meus pés

Um def no frio é muito sofrimento. vou te contar, viu. sem os movimentos nas pernas, eu sendo cadeirante, sofro com o frio cortante que faz em Londres, porque sem movimentar não aquece, embora eu vista 3 meias-calças, 2 calças térmicas, 2 calças de sair, fora que calço os pés com 3 camadas de meias grossas, de lã. O problema está porque o sapato em contato com o ar gelado também fica muito frio e o que deveria aquecer, fica tão gelado quanto o ar.

Esta semana passei um sufoco voltando do ensaio. A temperatura caiu demais e minhas extremidades pareciam congelar. Assim que cheguei em casa me enfiei na banheira e enchi com água quente, a mais quente possível, eu sentia meu corpo queimar, mas os pés não aqueciam, era uma sensação estranha de gelo por dentro e fora aquilo ardendo de tanto queimar.

Sempre tem alguém querendo ajudar, sugerindo coisas, mas não adianta me entupir de roupa pq não aquece. Uma solução maravilhosa foi colocar sob a meia aqueles sachê com um gel que esquenta, utilizado para as mãos de quem acampanha, esquia... saio com aquilo esquentando a sola dos pés e minha cara muda, me sinto vivo.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Desocupa Salvador



Visitando os blogs amigos, me deparei com este video numa postagem excelente de Chorik Assisti a isso com dentes travados, mãos apertando o rosto e o coração aos pulos. Sempre fui folião pipoca, apesar dos riscos que todos temiam por causa da minha deficiência, considerevam mais seguro os blocos, os camarotes, e eu como Amy, sempre disse No No No.

Infelizmente não pude participar da manifestação porque estava em outra cidade, mas meu pensamento e curiosidade estavam lá com o pessoal. Infelizmente não poderei ir, mais uma vez, no dia 01.02 porque continuo em viagem, mas me emocionei ao saber desta mobilização que há tanto tempo precisávamos na cidade que tem sofrido muito com os desmandos de um "chapeleiro maluco". Também não é de agora que venho manifestando minhas insatisfações e preocupações em relação à Cidade d'Oxum, à Terra da Alegria, mas sei da importância de unirmos nossos gritos, de nos organizarmos e sairmos à rua. Brigar por todas as coisas que acontecem no entre carnavais, no período longo sem alegria, sem axé, sem encanto. Brigar por causa da falta de educação, da sujeira nas ruas, nas praias, reclamar também com o vizinho e conosco mesmo sobre as nossas faltas, nossas também grandes contribuições para esta situação, para a falta de gentileza. Duvidar da eterna alegria, disfarce para tantas pequenas malandragens, falta de honestidade. Brigar por serviços bem prestados. Reclamar do transporte público, da saúde, dos espaços desleixados. Exigir políticas públicas municipais que contemplem a cultura e a arte da nossa cidade porque delas vêm benfeitorias imediatas, rápidas, porque delas crescerá o campo de trabalho, teremos mais pessoas empregadas, geração de renda. A gente não quer só comida!

Vamos fazer esse tipo de carnaval durante todo o tempo e brigar pelo que é nosso

"Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar
Botar pra ferver...."

PRÓXIMA AÇÃO: GRANDE PASSEATA NO DIA 01.02, DO CAMPO GRANDE À PRAÇA MUNICIPAL! CONCENTRAÇÃO ÀS 16H EM FRENTE AO TCA.

AOS TRABALHADORES QUE NÃO PUDEREM CHEGAR MAIS CEDO: NOS ENCONTRAREMOS ÀS 18H NA PRAÇA MUNICIPAL, NUMA GRANDE CELEBRAÇÃO DE AMOR À CIDADE!!

DESPREFEITO E VEREADORES VENDIDOS, SABEMOS QUE VCS SE VENDEM BARATO, MAS A NOSSA CIDADE NÃO ESTÁ À VENDA!! NÓS NÃO VAMOS DESISTIR ATÉ QUE ESSE DESVARIO ACABE. QUEREMOS A REVOGAÇÃO IMEDIATA DAS ALTERAÇÕES CRIMINOSAS QUE FORAM FEITAS À LOUOS.

CHAME SUA FAMÍLIA, AVISE SEU VIZINHO, VÁ!!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Anjos e monstros que habitam O Corpo



Gente, que delícia encontrar este video no youtube. Estava procurando o video do espetáculo e me deparo com esta entrevista que dei à queridíssima Rita Batista, em 2010, na estréia d'O Corpo Perturbador. Até que não falei besteira, não. Fiquei nervoso, dá para ver, mas é isso mesmo.

Saudade de encontrar com estes mosntros e anjos que habitam O Corpo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O que ofende?

Não sei como começar este texto, se pela falta de respeito, se pela falta de educação, pelo mau caratismo, pela impaciência e revolta...

Quando vivemos num período de total falta de valores, o que seria uma ofensa? Uma agressão? Quando o superficial é a prioridade, como podemos atingir o outro?

Hoje tentando entrar na agência do Itaú da Rua Marques de Leão, Barra, fui impedido de ter acesso porque três carros obstruíam a entrada, inclusive a vaga para pessoas com deficiência e o espaço para passagem das cadeiras de rodas. Fiquei eu aguardando, junto com uma amiga, mais de trinta minutos embaixo de sol quente, ligando para a polícia que nada podia resolver e nos deu o telefone da Translvaldor que não atendia... enfim, estávamos largados, sem ninguém se responsabilizar pelo acontecido, nem o banco, muito menos as pessoas que estacionaram, pois quando dois deles chegaram (ao mesmo tempo) era como se não tivessem feito nada grave, que não estacionaram em lugar proibido, que não me impediram de exercer o direito de ir e vir. E sabe o que acontece com essas pessoas? NADA! e comigo? adoeço, me entristeço, me incomodo, a pessoa que está me acompanhando também passa por constrangimento e isso fica assim mesmo. sem solução. Eu que entenda que não devo sair, que atrapalho, que perturbo a ordem (?).

Mau caráter, mal educado, desrespeitoso... nada disso ofende, nada disso fere, mas em nós que passamos por situações como esta cotidianamente nos ferimos e adoecemos diariamente. um dia eles conseguem, um dia eu não estarei mais nas ruas.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Felicidade real

Porque o melhor de tudo é estar entre os seus. O tempo passa sem pedir licença, sem querer saber de permissão e o que mais vale se não for a felicidade. Aquela felicidade que chega parecer utopia, fantasia, ilusão. O melhor é sabê-la real, possível!


Foto: ADRIANA CERQUEIRA, ANTÔNIO CARLOS GOMES,
JULIANO MARQUES, TAUANI SANTOS