quarta-feira, 30 de março de 2011

Homofobia NÃO

No final é tudo gozo

Vixe, 7 dias sem entrar em casa! Parece viagem longa, parece chateação de ficar de mal. Parece negligência. Mas né não! É cabeça e dedos e mãos cheios de obrigações, projetos, prazos... e assim vão seguindo os dias. Quando vejo nem o sono está tranquilo, nem sonhos, nem uma esfregadinha. O corpo só pede descanso e a cabeça, teimosa, não cansa (cansa) de funcionar. Fica maquinando coisa, articulando idéias, sonhando com propostas e convites, imaginando tudo novo e antigo ao mesmo tempo.

Esta semana está sendo puxado, mas coisas boas estão por vir e a trabalheira doida se justifica e se torna alegre. Estou plantando para colher morangos maduros e gostosos.

No final é tudo gozo!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Um premiado entre nós

Jô Bilac, nosso entrevistado do dia 28 de Novembro de 2010, recebeu ontem o Prêmio Shell de Melhor Autor pelo texto "Savana Glacial".

Aqui você confere a entrevista que Jô Bilac nos concedeu.

http://ocorpoperturbador.blogspot.com/2010/11/o-corpo-de-deus-jo-bilac-entrevista.html

De tanto meus amigos de São Paulo falarem de Jô que é do Rio, de tanto falarem na sua genialidade, sua amizade e de como ele é amada, já me sinto amigo de infância sem conhecê-lo. Espero que seja breve e que seja assim.


Olhem como o rapaz está bonito!

terça-feira, 22 de março de 2011

Moneybags


Por via das dúvidas, resolvi registrar esse momento especial do nosso blog. Segundo um email que recebi

Este ano vamos experimentar quatro datas incomuns ....
1/1/11, 1/11/11, 11/1/11, 11/11/11 e Tem mais!!!

Pegue os últimos 2 dígitos do ano em que você nasceu mais a
idade que você vai ter este ano e a sua soma será igual a 111 para todos!

Por exemplo: o Johnatan nasceu em 1981 è  81 + 30 = 111

Este ano outubro terá 5 domingos, 5 segunda feira e 5 sábados.
Isto acontece uma vez a cada 823 anos.

Estes anos são conhecidos como  'moneybags'.

Espero que a gente receba tanto dinheiro quanto o ano promete até ficarmos perturbadinhos.

O troco (microconto devotee)

Chegou a porta pingando de suor, carregando os 20 litros de água mineral que entrega diariamente em casas do bairro. Elevador quebrado, jeito que teve foi subir escada até o sétimo andar. Tocou a campanhia diversas vezes sem sucesso. Sem acreditar que tinha feito esforço pra nada, sentou um pouco para descansar. Ouviu uma voz de lá de dentro se desculpando e pedindo para esperar. Com esforço ela abriu a porta.

Ele sem entender não via ninguém quando abaixou as vistas e vislumbrou aquela imagem que lhe encheu de tesão e pena. A menina engatinhando se desculpou pelo banho demorado e foi se arrastando até o sofá. De short curtinho mostrava as pernas finas e os pés pequenos, a posição de quatro deixava a mostra seus seios pequenos embaixo da camiseta sem sutiã. O rapaz tremendo de desejo pediu um copo d'agua e não conseguiu esconder o membro duro sob a calça jeans. A menina olhou e sorriu. Pediu que ele a carregasse até a cadeira de rodas. Sentia o peito do homem tremer com o coração disparado tocando quase sem querer suas pernas e seus seios no carregar abraçado do seu corpo leve. Sentou com as pernas encostadas nos braços da cadeira deixando ver seus pêlos sem calcinha. Mamou aquele homem na porta de casa, entregou o dinheiro, recusou o troco e fechou a porta.

Ele continuava descansando na escada.

Recebi este microconto de um anônimo. Achei bastante estimulante. Obrigado a quem escreveu.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Devoteísmo: uma questão de escolha (?)


A fotógrafa Kica de Castro realizará uma exposição sobre Devoteísmo na Reatech/São Paulo, no mês de Abril. Nesta mesma ocasião participarei do Seminário sobre Sexualidade no Corpo da Pessoa com Deficiência. Estou muito animado e feliz com o convite, agradecido a Márcia Gori (modelo da foto) que fe o contato comigo a partir do trabalho O Corpo Perturbador.

Aqui está o link sobre a exposição de Kica na Reatech: http://www.deficienteciente.com.br/2011/02/toda-nudez-vai-ser-revelada-exposicao.html

domingo, 13 de março de 2011

Versos Íntimos

Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

sexta-feira, 11 de março de 2011

O dedo que fura o bolo

Tenho muita coisa a comemorar, é verdade! Projetos bem sucedidos, viagens, família, vida profissional estabilizada e um amor companheiro. Um ano se anunciando cheio de coisas para fazer, apresentações, convites, idéias.... Muito o que festejar! Mas sempre há aquela azeitona estragada na empada e um dedo furando o blo antes dos parabéns. Comigo isso é corriqueiro e já aprendi a gritar quando o mesmo dedo aperta minha cabeça. Nesses dias que sucederam Londres não foi diferente.

Cheguei feliz da vida por ter conquistado o trabalho dos meus sonhos, participando do Candoco num projeto tão especial, exercendo minha vocação com respeito e muito trabalho, mas ao final da viagem a TAP (Tamancos Aéreos Portugueses) resolveu jogar água na brincadeira e quebrou a minha cadeira de rodas. Já falei sobre isso aqui, mas nunca é demais repetir.

Era um domingo e voltei para casa com a cadeira quebrada porque o gerente que estava responsável na hora disse não ter o que fazer a não ser anotar minha reclamação e que ele estava com outras urgências para resolver. Na segunda-feira, Sra. Sheila me procurou e resolveram pegar minha cadeira quebrada para consertar na Loja do Paciente, pois esta é especializada em cadeiras Ortobrás, marca que prefiro por ser confortável e já trabalhar com ela há bastante tempo. Para quem não sabe cadeira de rodas é igual a roupa, compramos por numeração e é adequada ao peso e altura da pessoa. A TAP foi informada disso, mas alugou uma cadeira enorme, pesada e sem conforto nenhum pra me emprestar. O prazo de entrega da minha cadeira seria de 15 dias, ou seja, só chegaria depois do carnaval. Até lá eu estaria prejudicado no meu trabalho, pq precisava ensaiar e continuar meus exercícios físicos para não perder massa muscular e condicionamento, já que sou dançarino profissional. Impossível ensaiar com a cadeira emprestada por causa de seu tamanho e peso. Para completar a cadeira não entra no elevador do meu prédio. Tenho que sair desta para uma plástica que é colocada na hora que preciso sair de casa.

Ciente de que já estava prejudicado, aguardei com angústia o carnaval passar para providenciar a entrega da minha cadeira pois amanhã tenho apresentação de Judite quer, mas não consegue! e preciso da cadeira para trabalhar. Liguei hoje para a Loja do Paciente e eles me informaram que o serviço não foi feito completamente porque a TAP não encomendou as peças que eram necessárias para isso. Tentei falar com a empresa o dia todo e o telefone só dava ocupado, depois chama e não atende. Consegui, através do telefone da Infraero, o contato com o escritório da empresa aérea e ao falar com a pessoa que me atendeu, esta não sabia o q fazer, o que falar... Ficou de me dar um retorno, mas até agora nada. Torno a ligar e só dá ocupado. Depois de muito tempo me ligaram como num passe de mágica conseguiram uma cadeira semelhante a minha. farão a troca para q eu possa me apresentar, mas a minha cadeira não tem previsão de entrega. Hoje tenho ensaio e já estou atrasado tentando resolver esse problema. Estou tomando reclamação da produção porque o colégio tem horário para o meu ensaio. Agora que estou completamente transtornado, desconcentrado e sem condições para dançar durante todo o tempo necessário para afinação de luz e som e espaço e tudo mais que quem trabalha com dança sabe que precisamos estar num estado de corpo e psicológico ideal para fazer.

Claro que já entrei com processo, mas o mal causado não tem valor que me restitua. O choro, o grito, a raiva que só fazem mal a mim mesmo, ninguém mais me tira. A vontade de vomitar, a dor de cabeça, a dor de barriga. O descaso, o despreparo, o desrespeito. Não sei o que passa pela cabeça desse povo. Será que não entendem o que uma cadeira de rodas significa para um cadeirante? Devem achar q não saio de casa, q não trabalho e nem tenho direito a diversão.

Quero gritar, quero que eles saibam o quanto estão errados, mas lógico que não terão acesso a esta queixa e a mim só resta morrer um pouco a cada minuto de ansiedade e raiva.


quinta-feira, 10 de março de 2011

Entrevista na Record Internacional


Neste link está a entrevista que dei a Record Internacional quando estava em Londres trabalhando com o Candoco. Saiu esta semana, em pleno carnaval, mas muita gente viu, me escreveu, telefonou. Obrigado a todos pela alegria.

http://noticias.r7.com/videos/bailarinos-especiais-brasileiros-se-preparam-para-dancar-na-olimpiada-de-londres/idmedia/b551ed8d1455cf31b15b347ae20afea8.html

segunda-feira, 7 de março de 2011

Palacete das Artes Rodin Bahia

Galera enquantom descanso para pegar energia no penúltimo dia de carnaval e me esbaldar mais tarde, venho comunicar a maravilhosa notícia de que fechamos, semana passada, a volta do espetáculo O Corpo Perturbador no Palacete das Artes Rodin Bahia em Maio. Chegando de Londres, viajo imediatamente ao Piauí e emendo com o Rodin. To quase cantor de trio. EVOÉ!!!!

O convite para o Palacete das Artes rodin Bahia surgiu pela aproximação da estética do espetáculo com o inacabado das obras de Rodin. Um olhar sensível do pessoal do Museu que criou um link bacana entre nosso trabalho e o artista que foi uma das minhas maiores referências quando eu fazia Belas Artes. Me sentindo em casa!


quinta-feira, 3 de março de 2011

ZEN paciência

Ohhh gente, vocês me deixem viu? Depois quando solto meu bom e estridente "vá tomar no meu cu, porque no seu você gosta!", tem quem ache ruim. Saio meu belo e contente para o carnaval baiano, ver as bandinhas e todo o povo que estava na rua quando me deparo com duas criaturas que não tinham o que fazer. O pior que essas duas são representantes de uma maioria que não externa o que pensa.

Primeira cidadã:

Chegando e procurando um canto bom para curtir a noite nos deparamos com uma multidão próxima ao bar Habbeas copos. Nós em fila indiana com uma galera que estava passando, ouço do meu lado uma vozinha dizer:

- Taí, o que eu não acho certo é isso: cadeira de rodas!

Ela se deu de bem porque eu estava num dia zen, ZEN bebida, ZEN estresse, ZEN vontade de brigar.

A pergunta que não quer calar: O QUE ELA TEM A VER COM A MINHA VIDA OU COM A VIDA DE QUEM USA CADEIRA DE RODAS? O que eu não acho certo é ela tomar nota da vida dos outros.

PERAMORDEDEUS, viu? Me faça uma garapa!

Segunda cidadã:

(pegando em meu rosto e sorrindo) - Ohhhhh, isso que é vontade e gostar de carnaval, viu?

Ohh gente, preciso comentar alguma coisa? Nosso velho, batido e chato discurso do coitadinho, da superação e da exclusão pelo viés da delicadeza e inclusão. Ohh, me desculpem, mas quem me conhece sabe que para mim o melhor xingamento é

VÁ TOMAR NO MEU CU!!!!

e pra relaxar cantemos juntos

quarta-feira, 2 de março de 2011

Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada

Chove torto no vão das árvores.
Chove nos pássaros e nas pedras.
O rio ficou de pé e me olha pelos vidros.
Alcanço com as mãos o cheiro dos telhados.
Crianças fugindo das águas
Se esconderam na casa.

Baratas passeiam nas formas de bolo...

A casa tem um dono em letras.

Agora ele está pensando -

no silêncio Iíquido
com que as águas escurecem as pedras...

Um tordo avisou que é março.

(Manoel de Barros - trecho de Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada)