quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Fotos para Belas Artes







FOTO DE ADRIANA CERQUEIRA, ANTÔNIO CARLOS GOMES,
JULIANO MARQUES, TAUANI SANTOS, alunos da Escola de Belas UFBA, 
Profº Edgar Oliva, disciplina Fotografia II

Depois publicarei mais informações sobre este trabalho que tanto gostei de fazer.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As canetas de Roberto Carlos

Não é nenhuma novidade nem surpresa a rapidez como as coisas acontecem na internet. Todos os dias, ao entrarmos nesse universo, somos tomados por informações e "febres" que se proliferam velozmente e depois acabam na mesma rapidez. Hoje é um dia em que uma simples foto causou furor no facebook. Me refiro a uma imagem do cantor Roberto Carlos vestindo bermuda e portanto, expondo a prótese que utiliza na perna direita, consequência de uma amputação causada por um acidente com um trem quando era menino.

Se observarmos esta imagem que publico aqui, veremos a quantidade absurda de mais de 3.000 compatilhamentos da foto somente nesta rede social. O que me motiva a escrever sobre isso no blog não é nehuma crítica ou julgamento pela euforia causada por uma simples imagem. É tentar refletir o porque disso acontecer. A deficiência de Roberto Carlos não é assunto novo, nem tampouco ele tenha tentado escondê-la durante toda sua carreira. Inclusive, eu admirava muito o fato dele ser o maior ídolo da música brasileira, tendo uma deficiência e não ser referenciado por isso. Ao contrário de outros tantos artistas e atletas que não conseguem largar este estigma da deficiência e superação. O simples fato de RC nunca ter mostrado as próteses me parece fato normal. Eu também não saio por aí com as canetinhas de fora e nem por isso é recalque, vergonha, complexo. O que aconteceu hoje mostra que ele poderia estar certo, porque as pessoas se ligam numa coisa sem sentido, jogaram a atenção toda para uma perna mecânica, fora os comentários ridículos, como este primeiro onde a fã diz "Tadinho.... amo ele!". Tadinho por que? Outra diz "que sirva de exemplo de superação" e por aí vai. Ele está superando o que ali?

Me pergunto constantemente: o que essas pessoas têm na cabeça? O que pensam? Qual a importância disso? Não são perguntas de revolta, viu? Quero deixar claro porque sei que sou brigão e às vezes o tom fica de briga, mas aqui é simplesmente não entender mesmo. Repito: qual a importância disso?

Ele deixou de ser o Rei? Suas músicas deixam de ter a importância que têm? Se cria uma fissura em sua imagem porque mostra uma prótese que todo mundo já sabia que existia? Há quem prefira acreditar que é uma foto fake. Para mim, pouco importa. Se é montagem, se não é... "se chorei ou se sorri"... se ele usa bermuda, calça, calção, cueca. Se alguém gosta de mulher ou homem. Se usa tatuagem, piercing, cabelo azul. Cada um é cada um e sosmos iguais justamente porque somos tão diferentes.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Christine Greiner - entrevista O Corpo Perturbador



Tive o prazer de encontrar Christine Greiner no II Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Dança, da Escola de Dança da UFBa. Todos da área sabem da importância das pesquisas de Greiner para a Dança e é uma honra tê-la aqui.

Nosso encontro aconteceu, justamente, um dia antes do resultado da seleção do mestrado em que fui aprovado. Christine Greiner e Helena Katz desenvolveram a teoria "corpomidia" que trata da relação do corpo e ambiente, do corpo como midia de si mesmo. Assunto obrigatório para os estudantes-pesquisadores em Dança. Eu havia lido há pouco tempo seu livro "O Corpo, pistas para estudos indisciplinares", para as provas do mestrado.

Neste depoimento, ela fala sobre o que não consegue mudar, sobre quem fala sempre as mesmas coisas e sobre o corpo que chega e provoca alguma transformação. E tem tudo a ver com este meu momento. O mestrado será transformador, provocará enormes mudanças a partir das discussões e questões que surgirão durante todo o tempo em que estiver imerso nas pesquisas.

Meu projeto será sobre as políticas públicas para inclusão no campo da cultura e suas implicações nas práticas artíticas e no entendimento da Dança com pessoas com deficiência. Muito o que aprender, pesquisar, ler, trabalhar.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Björk - Venus As A Boy



his wicked sense of humour
suggests exciting sex
his fingers focus on her
touches, he´s venus as a boy

he believes in beauty
he´s venus as a boy
he´s exploring
the taste of her
arousal
so accurate
he sets off
the beauty in her

he´s venus as a boy

he believes in beauty

he´s venus as a boy

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Comemorar mesmo o que?

NAÇÕES UNIDAS - DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - 03 de Dezembro
Mensagem de Ban Ki-moon - Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
Tema: "Juntos por um Mundo Melhor: Incluindo Pessoas com Deficiência no Desenvolvimento"
Tradução: Romeu Kazumi Sassaki

Passaram-se 30 anos após as Nações Unidas comemorarem pela primeira vez o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência, então focando o tema "Participação Plena e Igualdade". Durante este lapso, foram alcançados notáveis avanços na tarefa de divulgar os direitos das pessoas com deficiência e fortalecer o marco normativo internacional para a realização destes direitos, desde o Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes (1982) até a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006).

Cada vez mais países se comprometem a proteger e promover os direitos das pessoas com deficiência. Não obstante, muitas tarefas permanecem pendentes. As pessoas com deficiência apresentam os índices mais altos de pobreza e de privações; e a probabilidade de que não tenham atendimento médico é duas vezes maior. Os índices de emprego das pessoas com deficiência em alguns países chegam a apenas um terço dos da população geral. Nos países em desenvolvimento, a diferença entre os índices de frequência à escola primária das crianças com deficiência e os de outras crianças se situa entre 10% e 60%.

Essa exclusão multidimensional representa um altíssimo custo, não apenas para as pessoas com deficiência, mas também para toda a sociedade. Este ano, a celebração do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência nos relembra que o desenvolvimento só poderá ser duradouro se for equitativo, includente e acessível para todos. É, portanto, necessário que as pessoas com deficiência estejam incluídas em todas as etapas dos processos de desenvolvimento, desde o início até as etapas de supervisão e avaliação.Corrigir as atitudes negativas, a falta de serviços e o precário acesso a eles, e superar outros obstáculos sociais, econômicos e culturais, redundarão em benefício de toda a sociedade.

Neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, faço um apelo aos governos, à sociedade civil e à comunidade internacional para que trabalhem em benefício das pessoas com deficiência e colaborem com elas, lado a lado, a fim de alcançarem o desenvolvimento includente, sustentável e equitativo em todo o mundo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Maria Duschenes



A mestra, coreógrafa e dançarina Maria Duschenes foi discípula de Laban e uma das responsáveis pela difusão deste método no país. Húngara de nascimento, em 1940 veio ao Brasil fugindo da 2ª Guerra Mundial. Aos 22 anos adquiriu poliomielite que a deixou com sequelas. Com a limitação dos movimentos dedicou-se à coreografia e às aulas de dança a educadores, psicólogos, dançarinos, coreógrafos e atores.

Hoje, ao acordar, liguei a tv para espantar o sono. Recebi este presente da TV SESC que apresentava o documentário "Maria Duschenes, o Espaço do Movimento", de Inês Bogéa e Sergio Roizenblit.

Maria Duschenes
Por Inês Bogéa (in: Maria Duschenes - o Espaço do Movimento).

"Maria Duschenes pôs sua arte e suas idéias a serviço da dança do Brasil. Ela faz parte de uma turma de estrangeiros que chegou ao país no entre guerras, com idéias novas e informações para partilhar, gerando um movimento de transformação da dança local. "Com a dança a gente fala com o mundo", gostava de dizer.

Duschenes introduziu no Brasil os métodos de Emile Jaques Dalcroze (1865-1950) e Rudolf Laban (1879-1950), tecendo fios que adensaram o meio artístico, inter-relacionando as artes e acentuando sempre a ligação do corpo com o intelecto. A afirmação de uma técnica que coloca a dança à disposição de todos, o abandono de formas fixas e corpos padronizados, e o entendimento de que o corpo é fundamental nas atividades intelectuais fazem da presença de Duschenes um verdadeiro pólo transformador da dança paulista. Tudo isso feito singelamente, decantando o tempo da educação, à espera da resposta, do olhar, da cumplicidade e parceria do outro para se fortalecer no mundo.

Baseada no princípio holístico da unidade corpo/espírito, ela introduziu uma dimensão psicológica em suas técnicas somáticas. Como diz: "A dança em si, isoladamente, não é suficiente como fator de integração entre corpo e mente e recuperação da identidade, pois a linguagem não-verbal constitui só uma parte de nossas linguagens. Porém, ela serve de ponte de ligação, integrando os movimentos do corpo e sua linguagem às outras linguagens verbais, escritas, visuais, etc.".

Duschenes partilhava, com seus mestres, do conceito de que a dança não deveria ser propriamente um trabalho em busca de perfeição, mas sim uma interrogação do espaço, de sua estrutura e suas possibilidades. Relutava, assim, em produzir uma formalização marcada dos gestos, mais interessada nas diferenças e identidades que podem surgir de cada um. Para ela, a expressão corporal pode ser tanto um meio de preparação do corpo do artista cênico, ampliando sua capacidade de entendimento e expressão, quanto uma prática comum a todos, com a finalidade da percepção individual.

Uma grande professora, chamada carinhosamente por seus alunos, até hoje, de Dona Maria, procurou trabalhar com as pessoas por meio da dança e não apenas para a dança. Ou seja, dança e movimento como formas de reconhecer o espaço e de harmonizar a personalidade subjetiva interna e a personalidade externa, física. É uma relação que permeia a dança moderna praticamente como um todo: o corpo é um instrumento de expressão e se apresenta numa relação complexa entre interior e exterior.

A dança, dessa perspectiva, pode religar as pessoas, levando a uma integração do homem num sentido quase cósmico. Em suas palavras, "a dança tem uma qualidade primordial: ela é direta, obriga a um contato imediato, você trabalha e atua sobre o seu próprio corpo sem poder adiar nada. Não se pode ser preguiçoso, nem no corpo, nem nas idéias, quando se está dançando. É possível, por meio da dança, causar uma síntese, provocando uma experiência muito profunda em relação à vida".

Com sua doçura, contenção e senso de equilíbrio, Dona Maria resgatou para muitos certa qualidade de experiência corporal concreta, refinando as matrizes do gesto, resistindo às rupturas e descontinuidades entre os diferentes setores da vida. Deu corpo a muitas facetas da vida diária, ora acentuando o lado mais expansivo das relações, ora sublinhando o recolhimento necessário."

Dança Coral "... no Brasil segundo os preceitos que aprendeu com Laban em Dartington. Uma proposta democrática, que quer tornar a dança acessível a todos: "para participar de uma dança coral não é preciso ser bailarino e nem mesmo ter experiências anteriores disciplinadas. Cada participante contribui com suas próprias características. Mesmo se uma contribuição for limitada, ela é relevante para a composição de um todo. O resultado final será a combinação de todas as características individuais, num arranjo de possibilidades quase infinito. E, além disso, não é preciso que esse resultado chegue ao palco. A dança coral interessa, sobretudo, a quem a pratica constantemente".

Algumas danças corais foram marcantes na carreira da Dona Maria. Entre elas, O Navio da Noite (1989), realizado no Centro Cultural São Paulo como parte das comemorações de 110 anos de Laban, Origens I (1990), que reuniu 150 pessoas no palco do Teatro Municipal, e Origens II (1991), quando foi homenageada durante a 21a Bienal Internacional de São Paulo. Foram dois espetáculos, um infantil, com pelo menos cem crianças, e outro profissional, que aconteceram ao ar livre na instalação Slice of Earth de Denise Milan. Este evento foi concebido e organizado por Maria Mommensohn, Daraína (Tuca) Pregnolato, Renata Macedo Soares e Solange Arruda."

Vale a pena pesquisar, conhecer, saber mais sobre Dona Maria.

Aqui o link para assistir ao documentário: http://vimeo.com/26485159

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Manifesto Anti-inclusão

escrito por Estela Lapponi

Manifesto Anti-Inclusão parte_1

A Inclusão propõe hierarquia de capacidades.
A Inclusão é incapaz de ver e enxergar.
A Inclusão é incapaz de ouvir e escutar.
A Inclusão é simplesmente incapaz.
A Inclusão pressupõe passividade.
A Inclusão não interage.
A inclusão causa pena
A inclusão é unilateral 
A inclusão exclui
A inclusão isola

Manifesto Anti-Inclusão parte_2
colaboração de Lenira Rengel

Arte é conhecimento
Arte é habilidade
Arte é construção
Arte é diálogo
Arte é investigação
Arte é Ação
Arte é troca
Arte é liberdade
Arte é criação
Arte é expressão
Arte tem de toda pessoa
A inclusão quer te normatizar
A inclusão quer te excepcionalizar
A inclusão quer te paralizar
A inclusão quer te desconsiderar
A inclusão quer te desincorporar
A inclusão quer te ignorar
A inclusão quer te especificar
A inclusão quer te deixar só!

Arte e Inclusão estão na contra mão!
O significado das palavras vão além de sua semântica
Trazem em seu traçado gráfico e sonoro pesos e levezas históricas e arraigadas às mais diversas sociopoliticoculturas
O que quero propor aqui é que R-E-P-E-N-S-E-M-O-S
Sobre o significado e a significância que carregam as palavras Arte e Inclusão ou Arte Inclusiva

Sobre Estela Lapponi:
http://zuleikabrit.blogspot.com/

http://incena25.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PASSEIO - Estela Lapponi



Sem conseguir falar nada, apenas silenciando o turbilhão que está aqui. O encontro com Estela Lapponi me perturbou desde que a conheci em 2007 e me transforma sempre. Que bom recbê-la no 2º Encontro O que é isso? de Dança e tê-la esta semana toda ainda conosco.

Links para os trabalhos dela:

http://incena25.blogspot.com/

http://zuleikabrit.blogspot.com/ - aqui você pode conferir o Manifesto Anti-Inclusão lido por Estela na abertura e encerramento do Encontro. Maravilhoso

sábado, 26 de novembro de 2011

Substituição à altura

Por imprevistos técnicos o espetáculo O Corpo Perturbador será substituido por Judite que chorar, mas não consegue!, amanhã, às 17h, no Palacete das Artes Rodin Bahia, no encerramento do 2º Encontro o que é isso? de Dança. Pedimos desculpas pelos transtornos, mas sabemos que é uma substituição à altura.


foto de Célia Aguiar

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Resposta de uma deputada sobre a votação da LEI ORGÂNICA DA CULTURA

Esta semana, alguns artistas e pesquisadores em Dança se mobilizaram para cobrar ação efetiva e a participação dos deputados na votação da LEI ORGÂNICA DA CULTURA para o Estado da Bahia. Enviamos email a todos os deputados cobrando um posicionamento. Voltaram muitos emails, mas tive a grata surpresa de receber um retorno da Deputada Neusa Cadore. Quando é para reclamar estou sem a postos, acho que devemos fazer justiça também. Transcrevo o email que recebi da referida parlamentar. Hoje o projeto de Lei estará novamente em votação, vamos ver se eles vão querer trabalhar mesmo e deixar de politicagem. O que interessa são as necessidades da população. Né não?

Prezado Eduardo Oliveira,

Muito grata pelo seu email e apelo. Parabéns pela mobilização!

É um exemplo de que cidadãs e cidadãos brasileiros cobrem da nossa atuação a defesa de direitos que proporcine benefícios para a sociedade.

Este projeto de Lei Orgânica da Cultura é essencial em nosso estado e vem corroborar com uma Política de Estado para a Cultura, definição de um Plano Estadual, pactuando com o esforço do Ministério da Cultura pela efetivação de um Sistema Nacional que comprometa os entes federados com a institucionalidade da cultura e facilita a canalização de recursos para o setor.

Estivemos, alguns deputados e deputadas na Sessão passada que, infelizmente, não contou com a colaboração da Bancada de Oposição que negou (em Plenário) cinco presenças para o quorum suficiente para a aprovação, bem como, a base do governo não foi suficiente naquele momento.

Nesta terça-feira, estaremos em maior número no Plenário, sobretudo por haver mais outros três projetos em votação a incluir o PPA - Plano Plurianual.

É uma grata surpresa a vossa manifestação e temos as melhores expectativas por esta aprovação nesta terça-feira!

Um abraço,

Neusa Cadore - deputada estadual
Assembléia Legislativa da Bahia

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Meu discurso e poesia

Há três semanas descobri uma osteoporose na coluna, o que me deixou triste e preocupado com meu trabalho em Dança. Principalmente em relação aO Corpo Perturbador que exige demais do meu corpo, tem muitos impactos, luta, quedas... A apresentação do dia 27/11, no Palacete das Artes, dentro da programação do 2º Encontro O que é isso? de Dança será a primeira depois desta notícia e estou ansioso para saber como me comportarei em cena. Porque por mais que eu diga que terei cuidado, que farei sem me machucar demais, eu nunca obedeço, chega na hora me jogo com tudo porque aquilo ali, aquele momento, é onde eu grito minhas perturbações, minhas inquietações, é onde meu discurso toma proporções e poesia.

Sobre a osteoporose

A osteoporose é uma doença que atinge os ossos. Caracteriza-se quando a quantidade de massa óssea diminui substancialmente e desenvolve ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, mais sujeitos a fraturas. Faz parte do processo normal de envelhecimento, e é mais comum em mulheres do que em homens. A doença progride lentamente e raramente apresenta sintomas antes que aconteça algo de maior gravidade, como uma fratura, que costuma ser espontânea, isto é, não relacionada a trauma. Se não forem feitos exames diagnósticos preventivos a osteoporose pode passar despercebida, até que tenha gravidade maior. A osteoporose pode ter sua evolução retardada por medidas preventivas.

Pode-se prevenir a osteoporose fazendo exercícios físicos regularmente: os exercícios resistidos são os mais recomendados; Dieta com alimentos ricos em cálcio (como leite e derivados), verduras (como brócolis e repolho), camarão, salmão e ostras. A reposição hormonal de estrógeno em mulheres durante e após o climatério consegue evitar a osteoporose.

Para quem já tem a doença, o cálcio pode ser dado em dosagens de 1 mil a 1,5 mil miligramas por dia, com recomendação médica. Pode ser acompanhado por suplementos de vitamina D.
No entanto, é importante ter o conhecimento de que, no tecido ósseo o elemento cálcio exerce importante papel, porém, depende para a sua fixação do estado da matriz protéica(colágeno) que deve apresentar os estados definidos como; adequado ou limítrofe. Sem a presença de uma adequada ou limítrofe estrutura de sustentação óssea, formada por 95% por colágeno ósseo, o cálcio não se fixará de forma adequada e não poderá exercer a sua ação originando a matriz secundária. Por essa razão, devemos sempre precedendo a ministração do cálcio com a finalidade de tratar a osteoporose, verificar o estado que se encontra a matriz protéica: adequada, limítrofe, inadequada ou deteriorada. Apesar do elemento cálcio ser importante para o funcionamento de vários órgãos sistemas, e por essa razão, deve ser ingerido diariamente, no caso da osteoporose instalada, quadro referido como de uma matriz mesenquimal deteriorada, diante do estado final de deterioração do colágeno ósseo, o íon cálcio desempenha uma ação ineficiente, porque estando a matriz protéica deteriorada não haverá, na tripla hélice do colágeno, ligações bioquímicas livres para o íon cálcio se fixar.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Osteoporose



foto de Nei Lima

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Deputados não comparecem para votação da Lei Orgânica da Cultura

Por que será que a Bahia está assim? Não precisa explicação para este "assim", né? Vou-me embora pra Pasárgada!
AL-BA: Deputados não votam Lei Orgânica da Cultura por falta de quórum
16/11/2011


Os deputados acabaram não votando o projeto de Lei Orgânica da Cultura na tarde desta quarta-feira (16). Segundo o líder da oposição, deputado Reinaldo Braga (PR), o governo não conseguiu colocar os 32 deputados necessários para manter o quórum necessário para votação. “O governo só conseguiu colocar 27 deputados. Nós, da oposição, estávamos lá, mas não marcamos presença porque foi acertado que o governo ficaria responsável por dar quórum”, argumentou.

De acordo com Braga, houve um acordo para que a oposição vote favorável ao projeto de autoria do Executivo. Entre os pontos do projeto, estão mudanças na escolha dos membros do Conselho Estadual da Cultura, assim como a criação do Plano Estadual e do Sistema Estadual de Cultura.

O líder do governo, deputado Zé Neto (PT), lamentou que não tenha conseguido “por pouco” o quórum para votação e disse que esta deve acontecer na próxima terça-feira (22). Para amenizar a tarde praticamente perdida, o petista destacou que o projeto já passou pelas comissões e que duas emendas da oposição foram aprovadas.

É a Gota D' Água +10



O Youtube retirou o outro video do ar. Vá entender!

Temos que agir rápido! Vejam o video. Assinem a petição. Divulguem para pelo menos 10 amigos. Não perde tanto tempo e ganha tanta coisa.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Do fundo do coração ou LOVE LOVE LOVE - Caio F.

fazendo a leitura deste texto no projeto
Fragmentos azedos sobre a língua - Samuel de Assis
Foto de Matheus Prestes


“Sempre acreditei que toda vez que a gente entra numa igreja pela primeira vez, vê uma estrela cadente ou amarra no pulso uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim, pode fazer um pedido. Ou três. Sempre faço. Quando são três, em geral, esqueço dois. Um nunca esqueci. Um sempre pedi: amor.

Nunca tinha tido um amor. O quê? Aos 35 anos, agitando desse jeito? Explico: claro que tive dúzias e dúzias, outro dia até tentei contar e me perdi na altura do número cento e trinta e muito. Mas tudo rapidinho, assim, uma hora, um dia, uma semana, um mês, pouco mais. Nunca, digamos, UM ANO. Então quando alguém suspirava e dizia cara estou saindo de um caso de DEZ anos, meu olho arregalava de pura inveja. Histórias mais compridinhas, claro que rolaram. Maria Clara, por exemplo, mas a gente morava, eu em Sampa, ela no Rio, amor-ponte-aérea. Caríssimo. Isso, das moças. Dos moços, aquele bailarino americano em London, London, quatro/cinco meses. Talvez seis? Numa tarde de compras e roubos em Portobello Road me deu de presente um cacto (perfeito!) e me deixou plantado até hoje. Esse era amor-de-metrô, último trem entre Hammersmith e Euston. Onde andará? (“Onde andará?” é das perguntas mais tristes que conheço, sinônimo de se perdeu.)

Eis que de tanto pedir, insistir, acender vela, fazer todos os feitiços para Santo Antônio e Oxum e concentrar, rezar, mentalizar, eis que pintou. Ano passado me baixou um encosto de São Francisco de Assis, joguei (literalmente) pela janela quase tudo que tinha e, com duas malas, parti para o Rio. Não queria mais me prender a nada. Nem a Sampa, bem-amada. Numa ida a Porto Alegre, em agosto, deu-se. Explosão: à primeira vista. Tudo o que dissemos, depois de um longo suspiro de alívio, foi: eu amo você. Pasmem: verdade das verdadeiras. Ousadias do coração que saca, na hora, a intensidade do lance. E não disfarça. Bueno, tinha pintado.

Então tá. Romance comme il faut: dias numa casinha no meio de bosques em Gramado. Depois a volta ao Rio e, como dizia Ana Cristina Cesar (Aninha, Ana C., a bela, que falta você me faz menina fujona!), “amizade nova com o carteiro do Brasil”. Laudas e laudas de cartas de amor, uma por dia, duas por dia, dez por dia. Fotos, poemas, juras interurbanas. Voltei. Nós fomos os dois para o Rio. Dois meses lá: o amor resistia, mas nenhum estava a fim de pegar no pesado. Então fazer o quê? Dividir quarto pensão na Lapa, andar de ônibus, comer espiga de milho e misto quente? Nenhum acreditava em teu-amor-e-uma-cabana, também não era preciso teu-amor-e-um-rolls-royce (seria ótimo), mas pelo menos uma vitrolinha para fazer amor ao som do Bolero, de Ravel (amor tem desses lugares-comuns quase inconfessáveis). Voltamos. Verão em Torres. Camas de trinta horas. Passeios. Dunas, praia da Guarita. Filme. A sunga verde de lycra.
De repente uma luzinha vermelha começou, cigarro no escuro, a piscar dentro de mim. Foi no carnaval que passou. Suspeitas: porra, eu me afastei de tudo, de todos, joguei tudo pro alto e só quero esse amor, nada mais me interessa, se esse amor me faltar (pode?) eu só tenho isso, é o único laço que me prende à vida - e se faltar, Deus, se faltar o que faço? Noites paranóicas, medo Ritchie. E… se dançar? Aí dançou. Foi dançando. Não sei bem como. Uma tarde peguei nas suas mãos e, bem cruel (punhais: como a gente sabe apunhalar com engenho e arte, crava devagarinho a lâmina, depois revira, dentro da ferida), pedi assim: olha bem dentro dos meus olhos e me responde à seguinte pergunta: “Você não me ama mais?”.

Silêncio tão espesso que consegui ouvir o ruído do movimento de rotação da Terra. Feito nas novelas das seis, eu abri a boca quando ouvi a resposta. Um lento Não. Um claro Não. Um seguro Não. Um límpido Não. Um tranquilo Não. Um sem dúvida alguma Não. Um afirmativo Não. Repete, pedi. Repetiu. Pede-se não enviar flores, pensei. Fechei a porta. Fiquei só, chovia. Com requintes de autopiedade, limpei devagarinho com feltro um disco da Elis, deitei no chão e ouvi umas cem vezes “Se quiser falar com Deus”. Quando já ia abrir o gás, corri para o telefone e pedi ao Zé Márcio Penido em Sampa: socorro. Vem, ele disse. Santo amigo. Fui, na mesma hora. Me estonteei, vi todos os filmes, todas as peças, revi todos os amigos, ouvi todos os discos, namorei o que deu. Tinham sido NOVE MESES de fidelidade, no amor-amor, é sempre supernatural. Quando decidi estou-ótimo-fullgás-total-posso-voltar, voltei. The reencontro: quando dei por mim estava dizendo as coisas mais duras e agressivas e cruéis e impiedosas e injustas e ferinas e baixas e grossas que uma pessoa pode dizer à outra.

Comecei a me perder pela cidade. Selecionei vinte gatos & gatas mais lindos do pedaço, dez semifinalistas, cinco finalistas, transei todos. Saí sem parar. De bar em bar, telefone tocando sem parar. Explodindo de vitalidade e saúde e sedução: capacidade de superação. Puxa, gente, como sou maravilhoso, como sou maduro e equilibrado, como sei dar a volta por cima, como não sou careta, como sou moderno e liberadésimo. Aí, desabou. Dez dias. De manhã bem cedo, chegando da vida, percebi uma pequena rachadura na parede externa do edifício. Avançava lentissimamente. Ao meio-dia rachou de alto a baixo. O edifício veio ao chão: me interna, pedi pra mãe, estou infeliz pra caralho. Peguei o pacote de cartas que tinha pedido de volta (fiz absolutamente todos os números, o problema é que a plateia estava vazia: ninguém aplaudiu minha melhor sequência de sapateado), coloquei aos pés de Ogum.

E agora, Caio F.? Agora, estou amanhecendo. Ah, me digo, então era assim. Essa coisa, o amor. Já conheço? Já conheço. Mas como é mesmo que se chama? Também não estou certo se estarei mesmo amanhecendo. Talvez, sim, anoitecendo, essas luzes penumbrosas são muito parecidas. Não sei muita coisa. Quase nada. Pedi? Levei. Nunca tinha sido tão intenso, nem tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever. Não me diga que vai passar, vai passar, vai passar, vai passar. Não me diga que foi ótimo, o que você queria, a eternidade? Não me peça para não te encher o saco lamuriando. Posso não saber nada do coração das gentes, mas tenho a impressão, de que, de tudo, o pior é quando entra a segunda parte da letra de “Atrás da porta”, ali no quando “dei pra maldizer o nosso lar pra sujar teu nome, te humilhar”. Chico Buarque é ótimo pra essas coisas. Billie Holiday é ótima pra essas coisas. E Drummond quando ensina que “o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras”. Aí você saca que toda música, toda letra, todo poema, todo filme, toda peça, todo papo, todo romance, tudo e todos o tempo todo, antes, agora e depois, falam disso. Que o que você sente é único & indivisível e é exatamente igual à dor coletiva, da Rocinha a Biarritz. O coro de anjos de Antunes Filho levanta no ar, em triunfo, os corpos mortos de Romeu e Julieta enquanto os Beatles pedem um little help from my friends, e a plateia ainda aplaude de pede bis (o Gonzaguinha também é ótimo pra essas coisas). Meus amigos, abandonados para que eu pudesse mergulhar, voltaram a mil. Tem seus prazeres o fim do amor. Se é patologia, invenção cristã-judaico-ocidental-capitalista, ou maya, ego, se é babaquice, piração, se mudou-através-dos-tempos, puro sexo, carência, medo da morte: não interessa. Tenho certeza que estive lá, naquele terreno. Ele existe.

Por isso falo dele: Joyce e Paula me pediram elucubrações, as minhas são estas. Estou contando a vocês que estou fazendo elucubrações sobre o amor porque provavelmente, de uma outra forma vocês aí que me leem, talvez com tédio, também estão pensando a mesma coisa. O bicho homem não faz outra coisa a não ser pensar no amor. Até as relações de produção, a luta de classes, a ecologia, o jogo pelo poder: tudo, questão de amor. Formas de amor. Amor é palavra que inventamos para dar nome ao Sol abstrato em torno do qual giram nossos pequeninos egos ofuscados, entontecidos, ritmados. A vida toda. Mas se me perguntarem o que quero dizer com isso, não tenho resposta.

O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu.”

*Texto de Caio Fernando Abreu na revista Around, por volta de 1985. Retirado do livro “Para sempre teu, Caio F.”, de Paula Dip.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Eu, em Fragmentos



Voltei para casa completamente perturbado com esta viagem ao Rio. Fui à cidade maravilhosa a convite de meu amigo-amado Samuel de Assis que reestreou seu monólogo “Fragmentos Azedos Sobre a Língua”, sábado passado, direção de Bruno Marcos e texto de Caio Fernando Abreu. Samuka arrasou com sua interpretação comovente e irretocável. Um artista raro, com tamanha entrega, verdade, generosidade. Sutil e escandaloso na medida certa. A platéia que lotava o teatro Maria Clara Machado, no Planetário da Gávea, saiu em êxtase naquela noite que contou ainda com a leitura do conto “os Sapatinhos vermelhos”, feita por Luana Piovani. Apesar da estrela reluzente dela, a noite era mesmo de Samuka. Bravo! Bravo! Bravíssimo! Ainda tem a lindeza da exposição Encontros, de Felipe Vasconcelos.


No domingo foi a minha vez de ler o texto “Do fundo do coração ou Love Love Love”. Nervoso, tremendo que nem vara verde, com receio pela ousadia de estar ali, logo depois de Samuel. Eu que sou artista do corpo e não da voz, mas que tem Caio F. pulsando em mim, portanto latejando no meu corpo suas dores, sua ironia, seus amores e poesia. Fiquei muito feliz com o resultado e o acolhimento do público.


A viagem foi perfeita, rápida e forte como uma golada naquela vodka do cenário. Samuka, meu amor, muito obrigado por tudo. Pela oportunidade, confiança, generosidade. Obrigado por todos os reencontros: Vani, Matheus, Fê, Júlia, Laura, Wagner, Bruno, Renata (esqueci alguém? Com certeza) e todos os novos que chegaram: Lua, Roberta, Antero, Bruno, Idna (?), Lene, Renata, Embrulho, Daniel, família Marini........................ Só amor, afeto, cuidado, delicadeza e muitas gargalhadas. Voltei recomposto para o trabalho, para os compromissos.


Ângela Rô Rô é a principal trilha de “Fragmentos...”, o momento em que toca “Gota de Sangue” é um dos mais doloridos, momento carpideira da peça. Por isso, é ela quem ilustra este post.


Obs: amanhã publicarei o texto que eu fiz a leitura.
Obs: a temporada de "Fragmentos..." vai até dia 18/12, sábado (21h) e domingo (20h). Imperdível!



fotos de Matheus Prestes

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pátria Minha

Vinicius de Moraes

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."

* porque quando estou assim somente Sto Amaro me entende e me acalma.

Alguma coisa acontece aqui

Tem alguma coisa estranha acontecendo aqui. Coração apertado, falta de riso lá dentro, acordando com susto e sem vontade de acordar. Tem descompassos, tem muita coisa.

O corpo treme, a mente se assusta e os olhos... ah os olhos já não vêem mais o que viam.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ditadura da alegria

Estou de saco cheio da ditadura da alegria. Acho que a pessoa tem o direito de viver sua tristeza, de querer morrer, de encher o saco e dizer q não ta tudo bem, de querer comer comida que não faça bem, de adorar fumar, de se acabar de beber... essa mania de se meter em tudo da vida dos outros, enche o saco. E olhe que hoje estou super alegre, viu? mas li coisas aqui no face que parece ser um pecado mortal você não estar bem. Vamos ter o direito de ser e estar o que quisermos? quem quiser ficar com os dentes à mostra, que fique. Oxe!!!

É porque sorrio com a  vida, gargalho de mim mesmo que me permito compreender minha tristeza, curti-la, depurá-la, aconchegá-la no meu colo para que se acalme, fique branda e eu possa sorrir novamente.

Aqui em Salvador você é um aliegínega e não sair do chão, jogar as mãozinhas para cima, gritando de legria. Todo mundo vive feliz aqui na Disneylândia dos trópicos, né? Fora que a alegria virou imposição nas redes socias. Toda hora surge no facebook, por exemplo, umas fotos de criança com deficiência brincando ou outra com câncer sorrindo com um palhaço legendadas achando um absurdo os outros maldizerem suas vidas se eiste tanta gente em piores condições que sorriem.

O que é isso? Essas pessoas não podem ter um minuto de sorriso, de alegria? Isso também não quer dizer que não chorem, que se desesperem com medo da morte, que amem, que odeiem, que tenham sonhos e pesadelos, que estejam vivos, porque estar vivo é ter uma diversidade de humores, sentimentos, sensações, emoções. Não somos boneca Guigui que vive sorrindo, bastando apertar o botãozinho na barriga.

Pois bem, é isso e deixe-me dormir para acordar com meu mau humor e curti-lo, porque é com ele que me divirto mais. Sim, acordo diariamente com mau humor e odeio que me liguem de manhã.

Inscrições 2º Encontro o que é isso? de Dança

A partir de hoje todos podem efetuar as inscrições para o 2º Encontro O que é isso? de Dança, podendo participar de todas as atividades realizadas no evento: mesas-redondas, oficinas/encontros, apresentações e cirandões.

Os inscritos deverão enviar para o email grupoxdeimprovisacao@gmail.com, os seguintes dados:

Nome Completo
Endereço
Número do RG e CPF
Breve currículo (10 linhas)
Comprovante de depósito/transferência scaneado

Dados para pagamento das inscrições:

R$ 40,00 (profissionais) R$ 20,00 (estudantes)

Banco do Brasil
agência 3457-6
conta corrente 803641-1
Fátima Campos Daltro de Castro

Cirandões

Assim como no ano passado, os participantes inscritos podem participar dos Cirandões, apresentando suas pesquisas e trabalhos teóricos ou práticos. Cada apresentação terá no máximo15 minutos. Para isso é necessário enviar ao email do Grupo X de Improvisação em Dança release, fotos, video ou material que seja possível analisar de maneira mais eficiente a proposta. Serão selecionados 8 trabalhos para os dois dias de Cirandões. Teremos ainda convidados para esta atividade: Ninfa Cunha, Ana Rita Ferraz e o grupo Poética da Diferença/ACCDANA59 - UFBA.

Revista FACED

Estaremos recebendo, também, artigos para a REVISTA FACED. Ano passado tivemos uma parceria muito feliz e por este motivo daremos continuidade à publicação de artigos nesta revista. Confiram a publicação com os artigos selecionados no Encontro de 2010:

http://www.portalseer.ufba.br/index.php/rfaced/issue/view/343

As informações de como os artigos deverão ser enviados para análise, serão divulgadas em breve. As inscrições para publicação dos artigos são gratuitas.

Todas as informações sobre o encontro no blog http://encontrodedancainclusiva.blogspot.com/

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Oração ao tempo

Não gosto muito de aniversário e a cada ano tenho gostado menos. O processo de envelhecimento tem chegado rápido em mim, alguns problemas de saúde que deveriam aparecer mais tarde já se anuciaram e com isso tenho que mudar a postura diante da vida, com isso mudarei tanta coisa, inclusive o sorriso, o olhar, a ousadia... Confesso que o clima não está para feijoada. Mas vejo o tempo e gosto dele, acho de uma beleza sem igual ver as gerações, os corpos, a vida passar e perceber o que foi necessário para se manter aqui. Véspera de aniversário, para mim, é como Reveillon, aproveito para fazer um balanço das coisas... Meus 34 não foram fáceis, espero que passe logo. Chegue logo amanhã.

Oração ao tempo
Caetano Veloso
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...


Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...


Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...


Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...


De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...


O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...


E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...


Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cautela

Eu tinha certeza que ao atravessar aquela porta nunca mais haveria uma volta. Nunca mais retornamos para o lugar de onde partimos. Partir é perigoso e é necessário ter cautela. Muitas vezes parti como quem se joga do trampolim. Acho que isso é viver: não ter cautela. Mas é preciso tê-la e é urgente viver.

domingo, 23 de outubro de 2011

Ah! Como eu amei - Benito di Paula

Passei a noite ouvindo esta música. Infelizmente não consegui publicar o video. Samuca, um amigo amado, parece de infância, me presenteou e eu não consegui parar. Benito di Paula faz parte de minha história desde Santo Amaro, tantas lembranças... minha irmã adora até hoje e me fez muito bem escutá-lo para começar a semana bem. Compartilho com todos este meu prazer.

Clicando aqui, chega-se ao video e escuta-se a linda voz de Benito

Ah! Como eu amei
Composição: Jota Velloso / Ney Velloso

O amor que eu tenho guardado no peito
Me faz ser alegre, sofrido e carente
AAAHHH!! Como eu amei

Eu sonho, sou verso,
sou terra, sou sol
sentimento aberto

AAAHHH!! Como eu amei
AAAHHH!! Eu caminhei
AAAHHH!! Nao entendi

Eu era feliz, era a vida
Minha espera acabou
Meu corpo cansado e eu mais velho
Meu sorriso sem graça chorou

AAAHHH!! Como eu amei
AAAHHH!! Eu caminhei

Tem dias que eu paro
Me lembro e choro,
Com medo eu reflito que
nao fui perfeito

AAAHHH!! Como eu amei

Eu sonho, sou verso,
sou terra, sou sol
sentimento aberto

AAAHHH!! Como eu amei
AAAHHH!! Eu caminhei
AAAHHH!! Nao entendi

Eu era feliz, era a vida
Minha espera acabou
Meu corpo cansado e eu mais velho
Meu sorriso sem graça chorou

AAAHHH!! Como eu amei
AAAHHH!! Eu caminhei

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

2º Encontro O que é isso? de Dança



Contemplado pelo Edital Demanda Espontânea, realizado pela SECULT BA, de 25 a 27 de Novembro de 2011, acontecerá no Espaço Xisto Bahia, o 2º ENCONTRO O QUE É ISSO? DE DANÇA que tratará de questões relevantes em torno da invisibilidade e representatividade midiática de grupos profissionais de dança com pessoas com deficiência. As discussões girarão em torno de acessibilidade, profissionalização e inserção no mercado de trabalho de artistas/dançarinos com deficiência que não tiveram acesso a informação e formação em dança seja nos ambientes acadêmicos e espaços formais de ensino de dança. A proposta é discutir sobre a criação, elaboração e exposição da dança do (no) corpo do dançarino com deficiência, para entender por que, com tantos grupos de dança circulando em diversos pontos do nosso planeta ainda se encontram nos patamares dos lugares invisíveis e sem representatividade midiática. Trazer essas discussões para o campo da pesquisa artística e acadêmica em dança, especificamente para questionar a invisibilidade das ações no entorno do corpo do dançarino com deficiência, é objeto desse Encontro.
A programação conta com oficinas, debates, cirandões, performances e espetáculos.
Em breve, publicaremos a programação com nomes dos convidados, espetáculos, horários das atividades, valores e prazos de inscrição.

Fiquem ligados no blog: http://encontrodedancainclusiva.blogspot.com/

Manoel de Barros

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.


Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.


Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas


Manoel de Barros


*Consuelo, minha amiga, que presente lindo você me deu. Adoro a poesia de Manoel de Barros. Tenho certeza que você ficará maravilhada com ele. Obrigado!!!!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Eu encontrei quando não quis*

Hoje comemoramos um ano de muita tristeza jogada ao chão, abraços, scarpin amarelo, lenços de papel perdidos. Claro que é uma piada interna e todos devem me perguntar: então porque está publicando aqui?

Pelo simples fato de que este momento está eternizado em nossoas memórias, assim como outros não tantos. Porque estive pensando no poder da amizade e dos encontros e de como isso me perturba. Porque estive lembrando de situações que me marcaram e este está entre o top 5. Porque as pessoas com quem compartilhei as lágrimas, os risos e os copos são tão minhas que se confundem dentro de mim. Porque nem sei o que dizer e é estado de "não saber", de viver o choro através do riso, da loucura em seu grau mais absurdo de sanidade que nos une e nos faz seguir. Porque... porque... quando tudo parecia o fim, eram justamente esses outros que me indicavam o começo.

*trecho da música Último Romance, dos Los Hermanos

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O que me perturba?

O que me perturbou esta semana?

Um riso histérico

O medo de um beijo

A beleza do olhar lacrimoso de emoção com a arte

O sorriso e o choro do pequeno

A falta que eles fizeram

A alegria pela certeza dele em minha vida, constante conchinha e agora a saudade

A morte

Os encontros e abraços

A dor

A beleza

A falta de tempo

A náusea

A vontade de ir ali

Absurdo em concurso da UNEB

Mais uma vez, quanto mais eu rezo mais assombração me aparece. Dessa vez é a UNEB que abre vaga para concurso para professor, a pessoa se inscreve informando a necessidade de providências para que a prova pudesse ser realizada de acordo com as condições que sua deficiência visual exigem e a Universidade diz nem saber que havia deficiente inscrito. Isso há três dias antes do dia do concurso. Vejam o absurdo no texto escrito por Iracema e que devemos difundir com a intenção de chamar a responsabilidade a quem deve ter e nos questionarmos o que é isso de acessibilidade mesmo que tanto se fala e pouco se faz.
Segue o texto:
Sou Iracema Vilaronga, Mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), especializada em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva pela UNEB, graduada em Pedagogia também pela UNEB, faço parte da Comissão de Elaboração das Políticas de Inclusão e Acessibilidade da UNEB. Idealizei o Núcleo de Educação Especial (NEDE) da UNEB em 1999 e atualmente, sou membro do referido Núcleo. Sou professora concursada da Rede Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Salvador a 11 anos e Consultora na área de Educação Inclusiva e Acessibilidade. A seguir, relato os caminhos percorridos da minha fatídica participação no concurso docente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
 Venho expressar a minha tristeza e indignação pelo desconhecimento ou falta de comunicação dentro da própria UNEB. Na última quarta-feira, dia 28 de setembro, por desencargo de consciência resolvi ligar para a PGDP -- comissão do concurso docente -- para saber sobre os providenciamentos das condições de acessibilidade para realização da prova, no dia 02 de outubro. Qual não foi a minha surpresa, quando a senhora Ângela Goes ainda não sabia nem que havia um candidato com deficiência visual inscrito. Foi a partir dessa ligação que deram início aos primeiros prov id enciamentos: ligar para setores e instituições fora da UNEB, para saber como proceder diante da situação de ter um candidato com deficiência visual inscrito no concurso. O mais indignante é que no ato da inscrição, comuniquei da minha deficiência visual e solicitei de forma descritiva exatamente o que precisaria para realização da prova. Senti uma tristeza ainda maior, quando fiquei sabendo que foi uma instituição fora da UNEB que indicou o contato com o NEDE, instituído desde 2003, resultado de minhas lutas em em pró da inclusão e acessibilidade da pessoa com deficiência na UNEB. Eu, candidata, fui a última a ser contactada para saber de minhas necessidades.
É lamentável, que depois de tantas conversas de Patrícia Magris, coordenadora do NEDE, com o senhor Daniel e o senhor Marcelo, algumas delas, inclusive com a minha presença, ainda haja tanto desconhecimento, indiferença e desrespeito diante de uma temática tão discutida e tão presente no ambiente acadêmico. O Professor Valentim, Reitor da UNEB, desde a época que era pró-reitor de extensão foi tão sensível e aberto às causas de inclusão e acessibilidade dentro da UNEB. Venho trazendo essa discussão desde que passei no vestibular em 1999, ano em que idealizei o NEDE, e ainda hoje tenho que passar por situações como esta. Não quero aqui prejudicar ninguém, mas gostaria que episódios como este não fossem repetidos dentro da UNEB.
Segue abaixo, um pedido de registro e oficialização das providências tomadas pela senhora Ângela Goes, no intuito de me proteger de possíveis  problemas, uma vez que foram abertos alguns precedentes não constantes do edital 037. Espero poder contar com o  usual apoio e esclarecimentos.
Conforme o edital 037 do concurso docente para professor assistente, os candidatos com deficiência devem indicar no formulário de inscrição as condições necessárias de acessibilidade para realização da prova escrita, o que foi por mim realizado. A fim de me certificar se tais condições seriam providenciadas, entrei em contato com a comissão do referido concurso. Na ocasião, fui informada pela senhora Ângela Goes que devo utilizar meu próprio equipamento para realização da prova escrita, que devo comparecer ao local da prova, munida de meu netbook, com programa de síntese de voz e leitor de tela, devidamente instalados, e fui informada que serei acompanhada por uma pessoa designada pela referida comissão, que permanecerá em sala duran t e todo o período da prova e que ao término da prova, o arquivo deverá ser salvo, impresso, devidamente assinado por mim e entregue à banca.
No sentido de que as condições acima citadas sejam registradas,   venho requerer, junto a PGDP, documento autorizando a utilização de meu equipamento pessoal (netbook com programa de síntese de voz e leitor de tela – Jaws -- devidamente instalados), uma vez que a instituição não garantiu as condições de acessibilidade necessárias (equipamento descrito acima), para  a realização da prova escrita no próximo dia 02 de outubro de 2011.
Sem mais para o momento, agradeço antecipadamente a atenção dispensada e solicito que tal documento me seja entregue com brevidade, antes da realização da prova.
Venho mais uma vez expressar o sentimento de tristeza e decepção com a UNEB, instituição que luto por condições de acessibilidade desde 1999, ano em que idealizei o NEDE; instituição em que acredito, ou melhor, acreditava na utopia da democratização do acesso para todos; instituição que foi pioneira em “levantar a bandeira” da inclusão e acessibilidade; instituição que defendo, digo defendia como inclusiva; sim, a mesma instituição contribuiu para que eu, pessoa com deficiência visual, fosse reprovada no concurso docente, quando agiu com descaso e indiferença no providenciamento das condições necessárias de acessibilidade para realização da prova.
A situação de estresse a que fui submetida ao tomar conhecimento, a apenas três dias da realização da prova, que nenhuma providência havia sido tomada, e que a comissão “não sabia” da existência de um candidato com deficiência visual, embora informado no formulário de inscrição, me desestruturou e me deixou emocionalmente abalada. Saber disso me fez sentir em desvantagem em relação aos demais candidatos. Os três dias que antecederam a data da prova, que havia reservado pa ra retomar os pontos a serem estudados, foram preenchidos com preocupações e responsabilidades administrativas que deveriam ser exclusivas da comissão. Cabe destacar, que solicitei formalmente da referida comissão, documento registro dos precedentes a mim abertos, a fim de evitar problemas futuros.  Precedentes estes, que me foram informados verbalmente por telefone pela senhora Ângela Goes. Tal documento me foi negado, não se sabe exatamente por que motivo.
O simples fato de passar por um processo seletivo em si, já deixa uma pessoa tensa, nervosa. Imagine saber que foram abertos precedentes como forma de compensação, para reparar uma falha grave da comissão. Imagine ir fazer uma prova sabendo da situação delicada e desconfortável perante a banca e os demais candidatos. Imagine passar pela cabeça que a sua capacidade e competência podem ser colocadas em xeque no momento da prova...
Será que as circunstâncias indignas em que fiz a prova não influenciaram em meu desempenho? Será que realizar a prova numa situação delicada e desconfortável perante a banca, que, aliás, acho nem sabia do ocorrido, e dos demais candidatos à vaga, não causariam dúvidas relativas aos precedentes a mim concedido? Será que as circunstâncias não influenciaram a decisão da banca no resultado? Eis a pergunta que não quer calar: e se eu não tivesse entrado em contato três dias an tes da realização da prova? Talvez tivesse sido melhor. Chegaria no dia e horário marcado da prova e a comissão seria pega de surpresa. Assim, estaria comprovado o desrespeito, o descaso e a indiferença com que fui tratada e seria motivo suficiente para anulação da prova. Aí estaria coberta pela lei. Vale lembrar que fui a única candidata com deficiência visual e indiquei no formulário de inscrição, conforme exigido no edital, sobre a deficiência visual e descrevi exatamente o que deveria ser providenciado como condição sine qua non, para que fizesse a prova em igualdade de direitos.
Fico ainda mais indignada e decepcionada, ao relatar o fato a algumas pessoas da comissão do concurso e do grupo gestor, que agem com naturalidade diante do ocorrido e afirmam não haver razões para tais questionamentos. Cabe esclarecer que não estou pedindo favor ou exigindo privilégios da comissão. Condições de acessibilidade é um direito legalmente constituído. Sei que ser aprovado ou reprovado é normal em qualquer concurso. Concurso posso e irei fazer outros. Não estou pedin do que o resultado seja revertido, apenas peço que providências sejam tomadas, a fim de que a situação não venha a se repetir, pois não é a primeira vez que ocorre na UNEB, conforme relatos em anexo.
Dessa forma, ressalvo ainda, em nome da “legitimidade” da referida instituição no trato com a pessoa com deficiência, e no fio da credibilidade da sociedade para com a mesma, a irrenunciável revisão dos procedimentos adotados neste concurso, na perspectiva da inclusão e acessibilidade.
Encerro aqui com mais alguns questionamentos: para quem está sendo de fato implementado o NEDE e as políticas de inclusão e acessibilidade, se em questões entre aspas tão pequenas, não são tomadas as medidas cabíveis? Como eu, idealizadora do NEDE, poderei defender e propagar a UNEB como instituição pioneira nos ideais e políticas de inclusão e acessibilidade, se eu própria fui vítima do descaso e falta de estrutura? Até quando as “conquistas” relativas à pessoa com defic iê ncia na UNEB serão antecedidas de sofrimentos e prejuízos? Segue em anexo, formulário de inscrição preenchido, com as ressalvas e descrição das condições a serem providenciadas, o boleto devidamente quitado e o comprovante de inscrição, bem como relatos de outros episódios da mesma natureza ocorridos também na UNEB.
Mais uma vez agradeço a atenção usualmente prestada, e espero sinceramente que atitudes e medidas drásticas sejam tomadas o mais breve possível.
Iracema Vilaronga

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um sem Deus

Quando vejo um sofrimento desmedido, incontrolável, impossível de ser transformado, questiono esse Deus que é capaz de gerar tanta dor em alguns e outros não. Nenhuma religião me convence, ninguém me esclarece o que é isso. Até compreendo que pode ser mais fácil jogar responsabilidade em algo que não se conhece, não se vê, não te resonde, pode amenizar as coisas, mas... Os discursos acabam se contadizendo e eu cada vez menos acredito nisso.

Uma família que perde os três filhos de uma só vez, num acidente de carro... para quem é o castigo? quem é este Hitler que merece tamanho sofrimento? Quem é esse político corrupto que mata tanta gente e só lhe resta a punição? Quem é este assassino, estuprador, malfeitor que não merece sorrir nunca mais na vida?

O pior que não o sofrimento chegou para quem nunca fez nenhum mal dessa magnitude. E eu continuo a me perguntar: quem merece tamanha dor?

E ai virão os religiosos tentando me convencer, tem uns até que jogam culpa numa vida passada que a gente nem lembra mais e aí todo mundo paga o pato, até quem foi bonzinho, ou então os miseráveis vêm tudo junto, se junta uma quadrilha de antigamente para pagar todos de mãozinhas dadas. Até esses questionamentos serão alvo da crítica desse Deus que não pode ser questionado, duvidado... Vou até me calar para não sofrer mais um pouquinho daqui a pouco.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Aquele senhor - um conto e entrevista com Nina Wiziack

Calça social desbotada e camisa de botão manchada. Cabelo quase nenhum na testa, grudado na nuca. De suor ou creme? Todo arrumado, com elegância e bengala. Isso me emocionou, pensando na preparação para sair ao trabalho, na arrumação. Escolher entre as poucas roupas, uma que lhe desse um ar de respeito, de trabalhador, que lhe caísse bem e que fizesse as pessoas até pensarem em lhe ajudar.


Aquele senhor me lembrava meu avô. Se fosse ele a passar por entre os carros de vidros fechados, pedindo um trocado para sua fome? Naquela idade, aquele senhor não tem o que comer, não tem aposentadoria, não tem um boné para proteger sua cabeça do sol. Eu dentro do táxi com ar-condicionado, chorava e me envergonhava. De que? Sou culpado por etsar ali dentro? Sou o responsável por aquele senhor está ali fora? Queria colocá-lo dentro e levá-lo para casa. Que casa? Para que, meu filho? Para que, meu Deus?


Essa imagem não me saiu da cabeça. Aquele senhor recostado na parede da lanchonete, descansando à espera do sinal vermelho de um sinal verde que nunca o virá passar.


Cheguei em casa e no corredor do prédio o cheiro de comida gostosa me deu náusea.

Publiquei este conto junto com a entrevista de Nina porque compartilhamos da mesma inquietação, da mesma perturbação. Hoje me deu vontade de falar sobre isso.

Buscando ser futuro

Tentei seguir um caminho que levasse à escrita quando virei de costas para a tela e encontrei a leitura. Caminho de direções opostas.
Escrita é passado buscando ser futuro. Leitura é futuro em prateleiras esperando ser presente.
Tenho uma coleção de futuro sobre a cabeça e todo aquele desconhecido me amedronta.
Há que se ter cuidado com futuros.
Tudo que escrevo é só passado.


E Ferreira Gullar me humilha nesta tela luminosa.

domingo, 9 de outubro de 2011

Um Rebú perturbador - entrevista com Carolina Pismel

Ontem, vivemos em Salvador uma noite muito especial com a Cia. Teatro Independente do Rio de Janeiro que levou ao palco do SESC Palourinho a peça Rebu. Maravilhoso trabalho de atores, texto impecável e direção preciosa, figurino, trilha, cenário e luz também belíssimos.

Eu tenho o prazer e honra de conhecer o pessoal da peça e manter uma relação demuito carinho, mesmo que à distância. Jô Bilac (autor) e Diego Becker (ator) já estiveram aqui no blog na seção de entrevistas. Hoje publico o video com Carolina Pismel, que estava fantástica no papel de Vladine. Esta é uma forma de homenagear esses grandes artistas.

Ontem senti a emoção que eu sentia quando comecei a me encantar com o teatro, quando eu comecei a descobrir sua magia. Depois esta emoção foi ficando rara, escassa, por falta de identificação com o que tenho visto por aqui. Mas ontem os meninos conseguiram me tirar da realidade e viver a intensidade que o teatro deve ter.



Rebú - Cia. Teatro Independente
Direção: Vinicius Arneiro
Texto: Jô Bilac
Elenco: Carolina Pismel, Diego Becker, Júlia Marini e Paulo Verlings

Judite na Semana da Criança

Meu espetáculo solo, Judite quer chorar, mas não consegue!, volta em cartaz esta semana, de 11 a 16 de Outubro (terça a domingo), na Caixa Cultural.

De 11/10 a 14/10 as apresentações ocorrerão às 15h, no sábado e domingo (15 e 16/10) apresentaremos às 17h. A entrada é 1kg de alimento não perecível.

Dias 11, 12 e 13 de Outubro, acontecerão oficinas onde trabalharemos corporalmente e também com elementos plásticos o final da história da lagartinha Judite. Com o auxílio do livro-infantil, cada criança criará um final para Judite... As oficinas serão realizadas para um grupo de 30 crianças, as senhas serão distribuidas no local.

O que aconteceu depois que ela subiu aquela escada? Sentiremos no corpo, escreveremos e faremos uma imagem do que cada um acredita que se passou com a lagarta mais famosa que conhecemos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vida de modelo

Hoje passei a manhã inteira fazendo fotos na Escola de Belas Artes a pedido de uma turma de lá para trabalho de uma disciplina. Eles escolheram fazer imagens de meu corpo com as pernas de Baco que utilizo no espetáculo O Corpo Perturbador. Foi maravilhoso fazer uma performance pensando em como isso seria traduzido pelos olhares dos fotógrafos. Uma delícia! Depois irei publicar o texto da galera e algumas imagens para compartilhar com os visitantes-amigos daqui do blog. Adoro quando um projeto meu vai tomando outras dimensões e tendo desdobramentos que fogem ao meu controle. É sempre bom nos vermos pelos olhos dos outros. Foi maravilhoso também retornar à minha escola, onde me formei em 2001 e ver que deixamos marcas aonde passamos. Encontrei amigos antigos e foi tanto carinho. Dia muito especial.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Simplesmente ser já é muita coisa

Tomei conhecimento, tardiamente, deste episódio que se passou com uma criança com deficiência no Shopping Barra, sobrinha de Padre Alfredo, amigo querido. Me causou uma tristeza profunda saber que uma menina de 9 anos já sente o que eu só vim começar a sentir depois de grande, ao morar em Salvador. Sempre falo que nunca tive contato com o discurso da Inclusão, Acessibilidade, em Santo Amaro eu participava de tudo e nunca, ninguém me falou que eu estava sendo incluído, porque eu simplesmente era e ser já é muita coisa, já abre muitas portas na vida. Freqüentei todos os lugares, todas as festas, bares, casas, escola tradicional, parques, brinquedos....

Quando cresci e me deparei com este mundo (e me parece estar piorando a cada dia) com segmentações, com discriminação forjada por motivos de segurança, com preguiça de conhecer o outro, sacanagem por achar que o outro atrapalha, vim adoecendo e me entristecendo, com receio de sair e ser rejeitado pelo taxista, motorista do ônibus, os bares sem banheiros que eu possa usar, ruas quebradas, serviços péssimos... tudo isso é violento, é agressivo demais. Receio que Iana sinta o que sinto, mas ela é danada, já pensa em ser advogada, já se mobilizou, mobilizou outras pessoas, se articulou toda e agora é tema de um texto maravilhoso, escrito por Sillas Freitas de Jesus, que concorre a um prêmio no 7º Causos do ECA (Estatudo da Criança e Adolescente).

Aqui o início do texto para vocês entenderem o que se passou e depois acessem pelo link para concluir a leitura e votar.

Neste parquinho todo mundo pode brincar!
Sillas Freitas de Jesus
Iana nasceu com uma deficiência física diagnosticada como artrogripose congênita nos membros inferiores, que a impedia de caminhar. Hoje, ela tem nove anos e, após uma cirurgia, caminha com o uso de próteses em ambas as pernas. É para-atleta e pratica natação no Instituto Baiano de Reabilitação.
Num domingo ensolarado, em janeiro de 2011, convidou seu tio e uma colega para um passeio no Shopping Barra, em um bairro nobre de Salvador (BA). No 1º piso do shopping, Iana e sua amiga viram e desejaram brincar no escorregador inflável, onde algumas crianças subiam e desciam felizes. Iana foi impedida de se divertir no atraente brinquedo sob a alegação de que só se pode entrar ali sem calçados. Ora, as próteses de Iana são suas pernas e não ofereciam qualquer risco ao equipamento ou aos demais usuários. Mas o jovem que cobrava os ingressos foi inflexível: “Só pode entrar sem sapatos! Ordens são ordens”.

Para minimizar a frustração da criança, foram à brinquedoteca “Pirlimpimpim”, no mesmo shopping. Lá, também houve negativa, desta vez da própria gerente, que afirmou que os equipamentos não são acessíveis a pessoas com deficiência. A discriminação ali era ainda maior, porque a brinquedoteca tem diversos jogos e brinquedos, alguns deles para usar sentado, como é o caso dos jogos de computador. Indignada, Iana perguntou: “Oxente, meu tio, não tem nenhum lugar nesta cidade onde uma criança com deficiência possa brincar?”.

http://www.pro-menino.org.br/votacao/neste-parquinho-todo-mundo-pode-brincar.php

Vale a pena conhecer as outras histórias que estão no site.